Novo corredor verde transforma a paisagem da Cidade Universitária em São Paulo

Depois de concluído, o corredor, que integra o campus USP da Capital com a Marginal Pinheiros, uma das principais vias expressas de São Paulo, terá aproximadamente dois quilômetros de extensão

 22/02/2024 - Publicado há 9 meses     Atualizado: 23/02/2024 às 17:57
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O corredor verde é uma alternativa para preencher as lacunas deixadas pelos vidros quebrados ou que ainda não foram instalados no perímetro da raia olímpica da USP – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Um longo jardim formado por espécies nativas dos biomas da Mata Atlântica e do Cerrado brasileiro marca, agora, a fronteira entre a Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, em São Paulo, e a Marginal Pinheiros, uma das principais vias expressas da cidade.

A ideia de implantar um corredor verde multifuncional surgiu em 2022, como uma alternativa para enfrentar os problemas que surgiram com a instalação de um muro de vidro no perímetro da raia olímpica da USP. O projeto propõe o preenchimento das lacunas deixadas pelos vidros quebrados ou que ainda não haviam sido instalados.

A Prefeitura do Campus USP da Capital (PUSP-C) reuniu, então, pesquisadores da Universidade de diversas áreas – engenharia florestal, botânica, paisagismo e medicina – para, em conjunto, elaborar uma proposta capaz de recuperar os processos ecológicos locais, mitigar a poluição, melhorar o conforto ambiental dos frequentadores da raia olímpica, contribuir com sequestro de carbono, reduzir o volume do escoamento superficial e melhorar as condições de drenagem.

“Esse corredor verde é um presente da USP para a cidade de São Paulo, repovoando as margens de um de seus rios mais importantes. Com este projeto pretendemos demonstrar que é possível devolver para a cidade suas matas e melhorar a paisagem junto à Marginal”, afirma a prefeita do Campus da Capital, Raquel Rolnik.

A prefeita do Campus USP da Capital, Raquel Rolnik – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Segundo Raquel, “a quebra constante dos vidros em função da trepidação da Marginal, a necessidade de a Prefeitura do campus assumir a gestão do projeto e o enfrentamento dos problemas que o projeto do muro de vidro causou, como o choque de aves, levou-nos a mobilizar o conhecimento presente na Universidade para encontrar uma solução”.

Progresso do projeto

A instalação de gradis nas lacunas da parte instalada do muro de vidro e o plantio de árvores e plantas trepadeiras foram finalizados em dezembro do ano passado. Agora, o jardim passa por manutenção, controle de pragas e adubação e, até a metade do ano, as espécies que não se adaptarem bem ao solo serão substituídas.

O projeto do corredor verde prevê que as placas de vidro já instaladas sejam mantidas e que a substituição por gradis seja feita à medida que o vidro quebre. “A decisão de não retirar todos os vidros se deu em função do enorme custo que teria essa operação, que está sendo implementada integralmente com recursos orçamentários próprios da USP”, explica a prefeita do campus.

A substituição dos vidros por plantas serve ainda como uma proteção extra para prevenir a colisão de aves com os vidros. As placas de vidro remanescentes também receberam uma película especial, escolhida após meses de testes e monitoramento.

Espécies nativas dos biomas da Mata Atlântica e do Cerrado brasileiro estão sendo plantadas na extensão da raia olímpica da USP – Foto: Divulgação/PUSP-C

Muro de vidro

A modificação do muro que separa a Cidade Universitária da Marginal Pinheiros teve início em 2018, com a demolição do muro de alvenaria existente e sua substituição por painéis de vidro. O projeto foi uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo e da Reitoria da USP, e tinha o objetivo de tornar a Universidade mais visível aos que passavam pela Marginal, simbolizando sua maior integração com a sociedade. A execução da obra foi custeada por doações de empresas parceiras.

Porém, a implantação do muro enfrentou dificuldades, como a quebra de placas e colisão das aves com os vidros. Uma ação do Ministério Público (MP) suspendeu a continuidade do projeto e impediu a demolição do muro de alvenaria na área onde o muro de vidro ainda não havia sido instalado. Dos dois quilômetros de extensão previstos para o muro de vidro, menos da metade foi finalizada.

Em função das novas ações desenvolvidas, a Universidade encaminhou ao MP e Judiciário um pedido de suspensão da decisão judicial, a fim de que as obras possam ser concluídas.


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