O historiador francês Roger Chartier foi o convidado para ministrar a conferência de abertura da sexta edição do Congresso de História Intelectual da América Latina, que teve início ontem, dia 25 de julho, e segue até 28 de julho.
Chartier é um dos principais historiadores da atualidade, pesquisador da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais e professor do Collège de France, ambos em Paris, e ensaísta especializado em história da cultura, com destaque para a história do livro e da leitura na Europa. Sua conferência na USP teve como tema “A mobilidade e a materialidade dos textos: história intelectual e história da cultura escrita”.
Em sua palestra, Chartier falou, dentre outras questões, sobre as características essenciais das novas tecnologias e suas diferenças com as formas herdadas da cultura escrita, sobre as mutações do ler e escrever no mundo digital e sobre a relação entre memória e apagamento. Segundo ele, o mundo digital está rompendo com as práticas de leitura, promovendo “uma revolução da técnica de produção e reprodução dos textos, da materialidade e da forma de seu suporte”.
Cenário pós-pandemia
A cerimônia de abertura foi realizada no Auditório István Jancsó, no espaço da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), e contou com a participação do reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior; da vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda e do diretor-presidente da Editora da USP (Edusp), Sergio Miceli Pessôa de Barros. Maria Arminda e Miceli foram responsáveis pela organização do congresso, que, pela primeira vez, é realizado no Brasil.
“Quando a USP acolheu o 6º Congresso de História Intelectual da América Latina estava plenamente consciente da importância do evento, que se desdobra na envergadura da responsabilidade decorrente. O significado dos temas tratados ultrapassa a agenda acadêmico-científica. Este congresso acontece em um momento particular de nossa Universidade, também de muita esperança na construção de um novo Brasil, por que não dizer de uma América Latina consciente de seu lugar no mundo”, afirmou a vice-reitora na abertura do evento.
Segundo Maria Arminda, “refletir sobre os nossos problemas, e em conjunto, permite estreitar a nossa solidariedade e fortalecer o nosso papel em meio às profundas transformações do tempo. O cenário internacional pós-pandemia revelou não apenas a fragilidade da tão decantada globalização, os riscos humanos e sociais do mundo global, quanto revelou fragilidades, sobretudo das hegemonias incontestáveis. Exatamente nesse mundo em transformação, os países latino-americanos vêm descortinar inúmeras oportunidades de afirmar suas posições nos marcos desse contexto em mudança”.
Programação até sexta-feira, dia 28
A programação do congresso inclui apresentações de trabalhos produzidos nos anos anteriores dentro dos campos de estudo dos seguintes eixos temáticos: grupos intelectuais; revistas e projetos editoriais; intelectuais e a questão racial; intelectuais e relações de gênero; intelectuais e política; redes transnacionais de intelectuais (circulação de intelectuais e de ideias); arquivos digitais e inovações metodológicas; intelectuais em perspectiva comparada; instituições intelectuais (universidades, núcleos de pesquisa, academias, associações, entidades etc.); história da inteligência: teorias, métodos e bases de dados.
A sexta edição do evento ocorre simultaneamente na BBM e na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Para participar, não é necessário se inscrever. O evento é bilíngue, em português e espanhol, sem tradução simultânea. Clique aqui para ver a programação completa do evento.