Fotomontagem: Jornal da USP - Imagens: Atlas do Pernambuco Indígena, Agência Brasil e Flickr

USP participa de plataforma que mapeia a história de indígenas pernambucanos

Com incentivo do governo do Estado de Pernambuco, ferramenta digital pretende reconstruir a história indígena nas salas de aula a partir de cartografias e textos; evento de lançamento ocorre nesta sexta-feira

 12/04/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 13/04/2023 as 18:40

Texto: Danilo Queiroz

Arte: Gabriela Varão

Nesta sexta-feira, 14, às 11 horas, acontecerá o evento online de lançamento plataforma digital Atlas do Pernambuco Indígena. A iniciativa envolve a USP, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e tem como objetivo reconstruir o imaginário social sobre os povos indígenas, que foram reconhecidos na história apenas como explorados no processo de colonização. As três universidades se uniram, por meio de pesquisas, na elaboração da plataforma. O evento poderá ser acompanhado no canal do Youtube da Cátedra Jaime Cortesão.

De acordo com a professora Íris Kantor, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, ”o projeto também pretende auxiliar na educação básica, estimulando uma visão contra-colonial, ajudando a pensar as dinâmicas de ocupação do território brasileiro”. O encontro pretende, ainda, firmar parcerias científicas entre as três universidades. A docente, que também coordena o Laboratório de Estudos de Cartografia Histórica (LECH) da Cátedra Jaime Cortesão, da USP, vai mediar o evento.

Íris Kantor leciona na USP a disciplina de história da historiografia colonial brasileira- Foto: Divulgação / Sintsef Ceara via YouTube
Íris Kantor leciona na USP a disciplina de história da historiografia colonial brasileira- Foto: Divulgação / Sintsef Ceara via YouTube

No encontro, estarão presentes antropólogos, pesquisadores responsáveis pela elaboração da plataforma. Entre eles: Lara Erendira Andrade (UFPE) e Estevão Palitot (UFPB), ambos do Departamento de Ciências Sociais das respectivas universidades. 

Além deles, Marta Amoroso, ex-coordenadora Científica do Centro de Estudos Ameríndios e professora no Departamento de Antropologia da USP, e Pedro Puntoni, professor no Departamento de História Social, também da FFLCH. Além de Chirley Pankará, doutoranda em antropologia social pela FFLCH e Coordenadora Geral de Promoção a Políticas Culturais no Ministério dos Povos Indígenas do Governo Federal.

Atlas do Pernambuco Indígena

O conteúdo do material está organizado em 20 postagens compostas de textos, mapas georreferenciados interativos e imagens, divididas em duas seções. O atlas é tanto um repositório de informações acadêmicas especializadas – oriundas de teses e dissertações -, quanto um canal de divulgação dessas informações. Com ele, os organizadores pretendem ampliar o conhecimento produzido nas últimas décadas sobre os povos indígenas em Pernambuco de maneira acessível para um grande público, e não apenas aos especialistas da academia e do indigenismo.

Presente na plataforma, a cartografia apresenta dados atualizados este ano de terras indígenas demarcadas ou não em Pernambuco, estado do Brasil com o quarto maior número de indígenas. Imagem: Reprodução/ Atlas do Pernambuco Indígena

”Toda cartografia é um discurso de poder, e um mapa é um recorte possível da realidade. Assim, todo mapa tem escolhas sobre o que mostrar e o que esconder. Acontece que, sistematicamente, a cartografia sobre Pernambuco – e também do Brasil – esconde os povos indígenas, produzindo ‘vazios’ nos mapas. Logo, buscamos nos somar ao esforço dos povos indígenas em Pernambuco de recontar a história a partir de um ponto de vista que rompa com o silenciamento e apagamento da presença desses povos”, afirma Estevão Palitot, coordenador da plataforma. 

 

Estevão Palitot e Lara Erendira Andrade, ambos responsáveis pelo processo de construção do Atlas Pernambuco Indígena – Fotos: Arquivo Pessoal  

Já para Lara Erendira Andrade, o Atlas poderá servir como material pedagógico auxiliando educadores, sobretudo indígenas. ”Um dos desafios para lidar com a educação indígena, muitas vezes, é a falta de material. Por isso, temos realizado parcerias com a Licenciatura Intercultural Indígena, curso sediado no campus do agreste da UFPE, e com a Comissão de Professoras/es Indígenas de Pernambuco (COPIPE),” explica a pesquisadora. Ela lembra que a UFPE foi responsável pela formação de duas turmas de professores indígenas atuantes nas escolas dos 14 povos indígenas do Estado.

O material teve incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (FUNCULTURA) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE).

Saiba mais: https://www.atlasindigena.org/


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