Pós-doutorandos negros trazem à USP perguntas de pesquisa afrocentradas

Conheça as trajetórias de cinco pesquisadores negros apoiados pela PRIP e as novas perguntas que eles trouxeram para a ciência produzida na USP

 31/01/2024 - Publicado há 3 meses

Texto: Silvana Salles*

Arte: Joyce Tenório**

Programa selecionou 50 pesquisadores negros de variadas áreas do conhecimento - Fotomontagem de Jornal da USP com imagens de standret/Freepik, wayhomestudio/Freepik e Reprodução/Freepik

Em 2023, a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) lançou um edital oferecendo bolsas de pós-doutorado exclusivamente para pesquisadores negros, de quaisquer áreas do conhecimento. Os 50 pesquisadores selecionados começaram seus projetos no segundo semestre do ano passado e ainda têm chão pela frente até apresentarem seus achados científicos. No entanto, um efeito já começa a transparecer: em muitos casos, as pesquisas desenvolvidas por esses pós-docs trazem para a USP um ganho em termos de diversidade na ciência, pois enfocam temas e perguntas de pesquisa afrocentradas.

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A diversidade de trajetórias e pesquisas de pós-doutorandos negros da USP

Um dos critérios do edital da PRIP para a seleção de bolsistas foi a apresentação de projetos de pesquisa inovadores nas respectivas áreas. Da medicina à ciência política, algumas pesquisadoras e pesquisadores aproveitaram a oportunidade para colocar em evidência as contribuições dos afrodescendentes a diferentes campos do conhecimento, bem como problemas que afligem a população negra mas ainda têm pouca visibilidade.

Na segunda matéria desta série do Jornal da USP que apresenta as trajetórias dos pós-docs negros bolsistas da PRIP, contamos as histórias de cinco pesquisadores que estão trabalhando com questões que tocam diretamente o bem-estar, o cotidiano e a cultura dos afrodescendentes brasileiros. 

Clique nos nomes dos pesquisadores para ler os perfis completos e escutar áudios com trechos de seus depoimentos ao Jornal da USP.

Diana Lara Pinto de Santana - Foto: Arquivo pessoal
Diana é médica neurocirurgiã e estuda os efeitos do racismo no tratamento de pacientes com aneurismas intracerebrais - Foto: Arquivo pessoal
Diana Lara Pinto de Santana

Diana Lara Pinto de Santana é médica neurocirurgiã – uma das raras mulheres negras nessa especialidade. Nasceu no Rio de Janeiro e se mudou muito pequena para Salvador, onde fez todo o ensino básico e cursou a graduação na tradicional Faculdade de Medicina da Bahia, vinculada à Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ela conta que desde criança soube que queria ser médica – embora, no final do ensino médio, tenha ficado em dúvida entre prestar o vestibular para medicina ou para música, seguindo os passos de seu pai, que é maestro.

Na UFBA, Diana mergulhou na vida universitária. Participou do diretório acadêmico, de projetos de pesquisa, de atividades de extensão, fundou a Liga Acadêmica de Neurologia da universidade e teve a oportunidade de fazer estágios no exterior – um em Harvard, nos Estados Unidos, e outro na Universidade de Valladolid, na Espanha. Logo no primeiro ano, ela já sabia que queria ser neurocirurgiã e trabalhou para atingir este objetivo. Mesmo sem saber, inicialmente, que estava se dirigindo a uma especialidade notoriamente branca e masculina.

Diana veio para São Paulo fazer a residência em Neurocirurgia no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP – foi a primeira mulher formada fora da USP a cursar o programa. Entrou no doutorado direto algum tempo depois de concluir a residência e já com experiência nas salas de cirurgia de outros hospitais paulistanos. No doutorado, ela estudou os aneurismas intracerebrais.

Trata-se de uma doença rara, cuja frequência no Brasil é estimada em torno de 1% da população, mas que na neurologia é muito importante devido às graves consequências que acarreta aos pacientes quando o aneurisma se rompe. Morre cerca de metade dos pacientes que chegam ao pronto socorro já nessa condição. Os que sobrevivem podem ter sequelas neurológicas graves, como perda de força em um lado do corpo, alterações na fala e na visão, sequelas cognitivas ou um quadro posterior de vasoespasmo que causa isquemia em certas regiões do cérebro.

No pós-doutorado, a pesquisadora está comparando casos de pacientes brancos e negros com aneurisma intracerebral tratados no HC para identificar se entre os dois grupos há discrepâncias no prognóstico e no desfecho da doença. Ela desenvolve a pesquisa no Departamento de Neurologia da FM, sob a supervisão do professor Eberval Gadelha Figueiredo.

“O racismo institucional na medicina a gente sabe que infelizmente é uma regra. Muitas vezes, queixas de pessoas negras são minimizadas”, afirma Diana. “Muitos estudos já foram feitos em outras áreas, como na área da Obstetrícia, na área de doenças sexualmente transmissíveis, especialmente o HIV, a gente sabe que existe uma discrepância grande do acesso e do tratamento. A gente sabe que pessoas negras têm uma pior morbidade, mortalidade, em relação a vários tipos de doença, e não existe aqui na literatura brasileira nada relacionado a aneurismas intracerebrais”, conclui.

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Ana Lídia Cardoso do Nascimento é professora da UFRA no campus de Belém
Ana Lídia é professora da Universidade Federal Rural da Amazônia e está na USP pesquisando as práticas de cuidado e cura dos terreiros da Região Metropolitana de São Paulo - Foto: Arquivo pessoal

Ana Lídia Cardoso do Nascimento é doutora em Ciências do Desenvolvimento Socioambiental e professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) no campus de Belém (PA), onde coordena uma linha de pesquisa que trata das relações entre o sagrado e a natureza nas práticas interdisciplinares dos povos tradicionais. Nascida no Amapá, ela se mudou para o Pará em 1987 para fazer a graduação em pedagogia na Universidade Federal do Pará (UFPA). Acabou ficando. Mais tarde, fez tanto o mestrado quanto o doutorado no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA.

Na USP, ela realiza o pós-doutorado no programa de Antropologia Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), sob a supervisão do professor Vagner Gonçalves da Silva. Na FFLCH, Ana Lídia está dando continuidade à pesquisa iniciada no doutorado, na qual documentou práticas de cuidado e cura em religiões afro-brasileiras e indígenas da Amazônia. Para a tese de doutorado, a pesquisadora visitou a região metropolitana de Belém, a Ilha de Marajó, o Baixo Tapajós e a cidade colombiana de Letícia, localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Agora, está observando as práticas dos terreiros da metrópole de São Paulo.

A partir do que observou no trabalho de campo, Ana Lídia argumenta que as práticas de cuidado e cura das religiões afro-brasileiras e indígenas se articulam em um sistema de conhecimento que ela chama de “ciência do sagrado”, ou etnociência. “Apesar das pessoas não reconhecerem, existe uma cosmologia e uma cosmogonia também dentro da prática das religiões afro-brasileiras que se relacionam com o conceito e com a visão, o significado do cuidado, da cura, da doença. E as pessoas realmente se curam por conta da vivência dessas práticas, ao se relacionar com elas. É por isso que eu defino que existe uma ciência, mas uma ciência que é vinculada a um sagrado específico”, explica.

A pesquisadora, que é praticante da umbanda, resume a questão da seguinte forma: as religiões afro-brasileiras proporcionam às pessoas que as procuram um tipo de acolhimento e uma rede de apoio que o paradigma biomédico não oferece. E embora as mães de santo, pajés, benzedeiras e rezadeiras não estejam dentro dos sistemas públicos de saúde, elas prestam serviços que são de extrema importância para o bem-estar da população.

Para exemplificar seu argumento, ela lembra de Dona Helena, uma rezadeira que conheceu na Ilha de Marajó, no Pará. Na época em que a entrevistou, Dona Helena recebia seus clientes para consultas em uma sala com a presença de entidades como Dona Mariana. “Ela fica das 7:30 às 11:30 e depois ela volta das 13:30 até 17:30, sentada ali naquela salinha, e as pessoas entrando. Ela tem um problema de miopia que ela vê muito pouco, tem a visão reduzida, mas escreve com perfeição a receita para as pessoas. Tinha uma criança que era autista que era paciente dela e o dono da farmácia da cidade ia lá com ela”, conta Ana Lídia.

“Esse tipo de religião, de sagrado, ele agrega hoje todos os setores. Aqui em São Paulo eu tenho visto grandes terreiros aí, com celebridades, com atores globais e tudo mais”, completa a pesquisadora.

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Julio César Sanches é jornalista e pesquisador pós-doutorando na ECA
No pós-doc, o jornalista Julio está analisando as representações raciais presentes na publicidade brasileira do século 20 - Foto: Arquivo pessoal

Jornalista de formação, Julio César Sanches é de Salvador, mas já está há anos longe da capital baiana. Entrou na graduação na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) interessado em trabalhar em redações, mas acabou se apaixonando pela pesquisa durante a iniciação científica. Ao se formar, migrou para Niterói para fazer o mestrado em Comunicação na Universidade Federal Fluminense (UFF). Sua dissertação de mestrado virou livro. Fez o doutorado em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, após a defesa, passou um ano em Portugal trabalhando em um projeto da Universidade de Coimbra. Esse trabalho deu origem ao documentário Minha voz não pode calar, que trata das lutas antirracistas na Europa e na América Latina.

Julio atualmente faz seu pós-doutorado na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, sob a supervisão do professor Leandro Leonardo Batista. Seu projeto também se relaciona às lutas antirracistas, mas explora um aspecto que ficou por explorar na tese de doutorado: as contribuições para a formação de uma identidade nacional feitas pela publicidade por meio das representações raciais que veiculou ao longo do século 20.

“Na época do doutorado, fui identificando como (em) determinados discursos do início do século 20 existia toda uma ideia da imagem da população brasileira focada principalmente em discursos eugenistas. Era a ideia muito de um aprimoramento racial e de uma imagem do corpo ou uma aparência física que estivesse ligada necessariamente à dimensão da branquitude. Era pensar que ser branco era o ideal de beleza daquele período”, conta Julio.

Segundo o pesquisador, essa ideia estava presente em textos jornalísticos, mas também em anúncios publicitários. Sobretudo em anúncios de produtos cosméticos que prometiam alisar cabelos e embranquecer a pele, voltados principalmente ao público feminino. Muitos desses anúncios datam das décadas de 1930 e 1940, e contrastam fortemente com as publicidades presentes, por exemplo, na revista Raça, já nos anos 1990. Estas promoviam produtos voltados para pessoas negras e traziam imagens de atrizes como Taís Araújo e Camila Pitanga.

Julio explica que sua hipótese de pesquisa encara a publicidade como um dispositivo de poder que constrói uma imagem do que é ser brasileiro a partir da hegemonia branca. Porém, ao longo do tempo, a própria publicidade também consegue demonstrar as disputas raciais que existem no País. “Tanto que ao final do século 20, o que se tem como entendimento é que o movimento social negro conseguiu constranger a branquitude brasileira a ponto de então surgir novas formas de representar as pessoas negras”, diz o pesquisador, lembrando que esse processo acompanhou o processo de redemocratização do Brasil, com todos os seus avanços e contradições.

Trailer do documentário Minha voz não pode calar, fruto do trabalho de Julio e Danielle em Portugal. O filme está disponível na íntegra no canal do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra no YouTube.

Danielle Pereira de Araújo é cientista política e pesquisadora do IEA
A cientista política Danielle quer dar visibilidade aos intelectuais negros que estavam pensando o Brasil nos anos 1970 - Foto: Arquivo pessoal

Formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Danielle Pereira de Araújo migrou para o estado de São Paulo para cursar a pós-graduação. Fez o mestrado e o doutorado em Ciência Política na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Cursou o doutorado trabalhando e morando no Rio de Janeiro, fazendo deslocamentos semanais para Campinas a fim de cumprir os compromissos da pós-graduação. Danielle conta que iniciou sua trajetória acadêmica estudando partidos políticos. Mas, conforme desenvolvia sua consciência racial, o tema que trabalhou na graduação e no mestrado acabou perdendo um pouco de sentido. Assim, no doutorado ela optou por investigar a resistência das universidades estaduais paulistas em implementar as cotas étnico-raciais, que na época já eram vigentes em todas as universidades federais brasileiras.

Danielle teve a oportunidade de ir para Portugal realizar seu primeiro pós-doc, desenvolvido no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Naquele projeto, mais uma vez a pesquisadora olhou para questões raciais nas universidades brasileiras. Ela comparou os currículos dos cursos de graduação em pedagogia e história de diversas universidades públicas para entender como se dava a formação dos professores futuramente responsáveis por implementar no dia a dia das escolas a Lei nº 10.639/2003, que tornou obrigatórios conteúdos de história e cultura da África e dos afrodescendentes no ensino básico.

Assim como no doutorado, ela percebeu que a principal barreira à plena implementação das políticas de reparação étnico-racial é a resistência dos docentes brancos. Em sua análise, Danielle observou que a inclusão de temáticas africanas, afrobrasileiras e afropindorâmicas nos currículos universitários permanece muito pontual, “um pinguinho preto ali dentro de um currículo que é totalmente branco”. Diante desse resultado, sua pesquisa atual, desenvolvida no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP sob a supervisão da professora Gislene Aparecida dos Santos, tem um foco diferente: o de recuperar a memória da atuação polítca de três espaços de luta fundados por intelectuais negros na década de 1970, o Grupo de Trabalho André Rebouças (GTAR), o Instituto de Pesquisa das Culturas Negras (IPCN) e o Centro de Cultura e Arte Negra (Cecan).

Esses grupos reuniram nomes como Beatriz Nascimento, que foi fundadora do GTAR; Eduardo de Oliveira e Oliveira, professor de sociologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que lutou pela construção de um Núcleo Brasileiro-Africano de Estudos e Documentação na instituição; e a psiquiatra e psicanalista Neusa Santos Souza, autora do livro “Tornar-se negro: Ou As vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social”, resultado de seu mestrado na UFRJ.

Danielle reconhece que o pós-doutorado na USP representa uma mudança de rumo na sua trajetória acadêmica, mas defende a movimentação como uma ruptura com a lógica eurocêntrica da academia. “Pessoas negras quando entram na academia geralmente têm que trabalhar e estudar, então isso vai imprimindo outro modo nessa trajetória. E acho que a academia brasileira, e a paulista, têm muita dificuldade em compreender e acolher trajetórias que não são lineares”, diz a pesquisadora, que descreve como lineares as trajetórias de pessoas que emendam graduação, pós-graduação e docência no ensino superior sem ter passado por outras experiências de trabalho.

“O menino (que) nunca pôs os pés, às vezes para fazer um campo, em uma comunidade ou para dar aula de biologia numa escola pública já vai ser professor de outros que serão professores. É um ciclo que a branquidade imprime. Então, acho que há mesmo um pacto narcísico atuando nas universidades brasileiras”, afirma Danielle, lembrando que o porcentual de docentes negros da USP é muito inferior aos 37% que a população negra representa no estado de São Paulo. “E ninguém acha isso absurdo? Os grandes intelectuais, quem está pensando o País não acha absurdo isso?”, questiona.

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Alexandre Silva Bortolini é pesquisador, ativista LGBT e antirracista
Alexandre pesquisa políticas públicas e quer entender por que não há programas específicos para promover o direito à educação dos meninos pretos - Foto: Arquivo pessoal

O comunicólogo e pedagogo carioca Alexandre Bortolini atualmente vive entre três cidades: São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Ele também vive entre dois lugares de atuação, a pesquisa e a luta política. Pesquisador, ativista LGBT e antirracista, Alexandre trabalha há muito tempo na interseção entre educação, gênero, sexualidade e políticas afirmativas. Atualmente é presidente da Associação Brasileira de Estudos da Trans-Homocultura (ABETH) e desenvolve sua pesquisa de pós-doutorado na Faculdade de Educação (FE) da USP, sob a supervisão da professora Cláudia Viana.

Durante a graduação em Comunicação Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alexandre fundou um cursinho popular comunitário junto com outros colegas de faculdade. Ainda não existiam cotas na época e a UFRJ era então uma instituição fundamentalmente branca. Anos depois de formado, ele retornou à UFRJ como servidor, coordenando um projeto de formação continuada em gênero e sexualidade para profissionais de educação.

O trabalho técnico acabou virando tema de pesquisa no mestrado em Educação na PUC-Rio e, a partir dessas experiências, Alexandre teve a oportunidade de ir a Brasília para trabalhar no MEC, acompanhando as agendas LGBT, de mulheres e direitos humanos na secretaria voltada à educação continuada. Lá ele ficou de 2013 a 2015, durante o governo de Dilma Rousseff. “Quando eu cheguei no Ministério da Educação, o kit anti-homofobia, o dito ‘kit gay’, já tinha sido vetado. Então, eu vivi exatamente as contradições de estar num governo progressista, mas que tem que negociar com uma base conservadora, e portanto você tem políticas que você quer desenvolver, mas você não consegue”, conta o pesquisador.

Ao sair do governo, Alexandre veio fazer o doutorado em Educação na USP, analisando o histórico de construção de políticas de diversidade sexual e de gênero na educação brasileira nos últimos 30 anos, partindo de uma perspectiva interseccional – que considera ao mesmo tempo questões de raça e de gênero. Agora, no pós-doc, o pesquisador também parte dessa perspectiva para perguntar: por que é que não temos políticas públicas de educação voltadas especificamente aos meninos negros?

O pesquisador explica que, apesar de pelo menos desde a década de 1990 termos dados mostrando que os indicadores educacionais para homens e meninos pretos são piores que os de outros grupos, isso não é percebido politicamente como um problema que exige intervenção do Estado. Ele compara a questão ao problema da fome: apesar da grande quantidade de informações que a sociedade brasileira tinha sobre o assunto ao longo do século 20, as políticas públicas voltadas à erradicação da fome só foram realmente formuladas e implementadas no Brasil nos anos 2000, a partir dos governos do PT, que elegeram a pauta como prioridade.

“Essa evidência técnica não garante que vá ser desenvolvida uma política e um investimento do Estado em relação àquele problema. O que vai fazer isso acontecer é um processo eminentemente político-discursivo”, diz Alexandre.

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Glossário étnico-racial

Afropindorâmico é um termo proposto pelo escritor e líder quilombola Antonio Bispo dos Santos para denominar os povos quilombolas, negros e indígenas.

*Com colaboração de Camilly Rosaboni

**Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado


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