Ciclo de palestras na USP propõe “forjar Palmares” a partir do pensamento negro

Dimensões sociais e políticas da negritude no Brasil são tema de palestras no IEA; evento on-line sob coordenação de Conceição Evaristo ocorre em dois dias e pretende construir um espaço de resistência ao pensamento colonial

 21/11/2022 - Publicado há 2 anos
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Como parte do programa de titularidade da escritora Conceição Evaristo, a Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, uma parceria entre o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP e o Itaú Cultural, realiza o ciclo de palestras Forjando Palmares. Os eventos, que buscam discutir as dimensões sociais e políticas do sujeito negro brasileiro e debater as relações raciais no Brasil, acontecem nos dias 22 e 23 de novembro, às 10 e 15 horas, com transmissão on-line pelo site do IEA.

A proposta, segundo os organizadores, é estabelecer um espaço de resistência, consolidando teorias decoloniais e  conhecimentos afrocentrados. O evento será totalmente on-line com tradução em Libras pelo canal de Youtube do IEA.

Programação

A escritora mineira e titular da Cátedra Olavo Setúbal Conceição Evaristo – Foto: Arquivo Pessoal

No dia 22 de novembro, terça-feira, o evento se inicia às 10 horas com um mesa intitulada Criação do sujeito afro-brasileiro: entraves e impedimentos de uma nacionalidade. A mesa será mediada por Blenda Belém, pesquisadora bolsista do grupo de pesquisa em escrevivência, termo criado por Conceição Evaristo para investigar a forma como as classes populares se apropriam da língua portuguesa, e Débora de Andrade, que pesquisa as relações raciais e subjetividades na educação.

Os convidados serão Clelia Prestes, Rosenilton Silva de Oliveira e Muniz Sodré, sociólogo e Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esse momento tem o objetivo de discutir a presença do negro no Brasil desde a formação desse sujeito nacional, as dificuldades para ter sua cidadania reconhecida, a exclusão dos povos escravizados após a libertação e o bicentenário da Independência. 

Simultaneamente,  ocorrerá outra mesa de debate, intitulada O devir negro brasileiro: “É noiz por noiz!”. Esta mesa pretende trazer as diversas criações no ramo da arte, da música, do desenvolvimento econômico, das estratégias financeiras, entre outros aspectos com o intuito de evidenciar o “fazer negro” que pensa novos mundos.

As pessoas convidadas serão Lubi Prates, Eugenio Lima e Acauam Oliveira, professor adjunto no Departamento de Letras da Universidade de Pernambuco (UPE), sob a mediação de Júlia Batista Bernardes Farias, Cajota Domingues de Jesus e Viviane Nogueira da Silva.

Já no segundo dia de evento, haverá outras duas mesas. A primeira: Epistemicídios e encarceramentos: nem um passo atrás, irá discutir as violências epistêmicas – marcada pela relação de poder no campo do conhecimento, a violência epistêmica permite que apenas uma visão de mundo se sobressaia, ocultando assim outros saberes. A mesa também discutirá o desejo de enclausurar o sujeito negro e a figura da mulher negra como alicerce de um pensamento afrodiaspórico – nome dado ao processo de deportação forçada de africanos para serem escravizados em outros territórios.

Mediada por Carla Maria dos Santos Silva e Georgeton Anderson da Silva, a mesa contará com a presença de Denise Carrascosa, professora do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e Roberto da Silva, professor do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da Faculdade de Educação (FE) da USP.

Já para a segunda mesa, o tema será Uma sociedade afrodiaspórica: forjando epistemologias. Mediado por Brunna Amicio da Silva e Renata Souza Gonçalves, o objetivo das discussões será compreender as relações étnico-raciais no Brasil nas instituições tradicionais, como escolas, universidades e na cultura.

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As convidadas serão Maria Fernanda Novo, pós-doutoranda em Filosofia pela USP, Bas’Ilele Malomalo, do Instituto de Humanidades e Letras da Unilab, e Gislene Aparecida dos Santos, do Grupo de Pesquisa nPeriferias.

A Cátedra

Em 2022, sob titularidade de Conceição Evaristo, a cátedra busca estudar o conceito de escrevivência criado pela escritora, investigar a forma como as classes populares se apropriam da língua portuguesa e, por meio dos pesquisadores, tratar da produção da escrevivência entre os jovens, com destaque para a periferia. Para isso, tem trabalhado com bolsistas, tanto da graduação quanto da pós-graduação, que desenvolvem projetos de pesquisa na área ou acompanham as atividades do programa da titularidade.

A posse da professora Conceição Evaristo ocorreu em setembro deste ano. Para Grossmann, ex-diretor do IEA, a USP demorou para se engajar nas políticas afirmativas implementadas no País nas últimas décadas, adotando cotas raciais apenas em 2018. Para ele, a escolha da nova titular da cátedra se insere na continuidade dos esforços da nova governança da USP voltados à diversidade e inclusão, marcados pela criação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP).

Ciclo de Palestras Forjando Palmares
22 e 23 de novembro, 10 e 15 horas
Evento público e gratuito
Transmissão on-line
Mais informações:  iea@usp.br

Com informações da Assessoria de Comunicação do IEA


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