Peça teatral convida espectadores a refletir sobre origens

Em temporada itinerante, espetáculo “A Próxima História” reproduz mestrado feito por estudante da USP

 01/08/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 04/08/2017 às 13:05
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Espetáculo A Próxima História reproduz mestrado da atriz Renata Vendramin, desenvolvido na USP – Foto: Marcelo Tomasi/Divulgação

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“Se este mundo em que a gente vive estivesse grávido, como você imagina que seria o outro mundo que vai nascer?” Baseada nessa questão, a atriz Renata Vendramin, estudante da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, sob orientação do professor Eduardo Coutinho, desenvolveu o espetáculo A Próxima História. Com trabalhos da companhia AIVU Teatro, o objetivo das apresentações é convidar o espectador a um mergulho em suas narrativas pessoais.

“Costumo dizer que a peça é semente e fruto de meu mestrado”, comenta Renata Vendramin. “A pesquisa nasceu da prática. A teoria parte de uma dissertação narrativa poético-investigativa, em que escrevo sobre o processo de cocriação da peça, compartilhando saberes, conceitos, experiências e conhecimentos gerados a partir do que foi vivenciado.”

A Próxima História é produto do desejo de seus idealizadores em voltar seus olhares às origens — como indivíduos e grupo teatral. A questão central da peça foi inspirada na fala do falecido jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, ouvida pelo grupo AIVU em um vídeo na internet durante suas pesquisas.

Peça tem o objetivo de estimular o raciocínio a partir da pergunta “Como você imagina?” – Foto: Marcelo Tomasi/Divulgação

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Em seu início, Renata transitou por um universo de memórias, imaginação e atualidade, estabelecendo uma colheita de narrativas que envolveu diversas pessoas e nichos sociais. A apuração resultou em uma série de perguntas, como: de quantas histórias, vozes, silêncios e padrões é feita nossa própria história? E, principalmente, como elas se interferem?

Na busca por respostas, o grupo esbarrou em uma inocente ilusão pessoal. “A partir do que lembrávamos de nossas experiências, começamos a refletir se aquilo havia realmente acontecido ou estávamos inventando algumas partes. Mas, afinal, isso fazia alguma diferença? Iniciamos um debate.”

Desenvolvido sempre em formato de teatro de arena, o espetáculo tem como objetivo cocriar uma experiência reflexiva e sensorial, atingindo padrões e mexendo naquilo que constitui os espectadores. O foco do projeto é o estabelecimento de um raciocínio conjunto, iniciado pela pergunta “Como você imagina?”.

“A peça abre um espaço-tempo uterino para que possamos gestar, individual e coletivamente, o outro mundo que está em nosso imaginário” – Foto: Marcelo Tomasi/Divulgação

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Tendo como primeiro passo para mudanças futuras um olhar no passado, Renata explica que a rememoração percorre caminhos para chegar ao jogo saudável e visionário de imaginar uma possibilidade de reinvenção — tanto individual quanto coletiva.

Paralelamente ao desenvolvimento do espetáculo, a atriz escreveu sua dissertação de mestrado. Compartilhando daquilo que acontecia durante a criação da peça, Renata utilizou conceitos teóricos para estabelecer uma narrativa poético-investigativa. “O objetivo era testar maneiras de colocar em palavras, na linguagem da dissertação escrita, todas as experiências presentes e ausentes, sentidas durante o processo criativo do espetáculo.”

“A peça abre um espaço-tempo uterino para que possamos gestar, individual e coletivamente, o outro mundo que está em nosso imaginário. As mudanças pensadas para nossa sociedade, nosso planeta, nossas relações, devem ser materializadas na construção do agora, focadas em um mundo futuro, que está sendo desenvolvido no momento presente”, conclui Renata.

Grupo de teatro AIVU se define como “um encontro de artistas-pesquisadores” – Foto: Marcelo Tomasi/Divulgação

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O grupo

Um encontro de artistas-pesquisadores, em que diferentes linguagens artísticas se misturam e friccionam-se no espaço da alquimia teatral. Assim se define o grupo AIVU. A palavra, do guarani Aiyu, expressa o espírito como som vivo, sopro-luz primeiro, “aquilo que é eterno em cada indivíduo e que vivifica o corpo e se manifesta no reino humano sob a pele da palavra, pelo sopro que a preenche”.

Dividindo profissionais da cena em determinados projetos, na peça A Próxima História, Renata divide o palco apenas com um músico. Por de trás do espetáculo, uma equipe fica responsável pelo bom andamento da peça, os cenários e o figurino. “Sempre que é coerente, unimos determinados artistas para a construção de nossos obras.”, comenta a diretora.
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A Próxima História
tem sua estreia marcada para o dia 6 de agosto, domingo, às 19 horas, no Paço do Baobá (Rua Michael Kalinin, 64, Butantã, em São Paulo). A entrada custa R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia). A peça ocorre de maneira itinerante, com outras cinco apresentações rodando a capital até dia 22 de setembro. Os preços variam conforme local e data do espetáculo. Para mais informações, acesse o site do espetáculo.

Flyer de divulgação – Imagem: Marcelo Tomasi/Divulgação (clique na imagem para ampliar)

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