“O Hospital das Clínicas mudou a medicina no Brasil”, diz reitor em evento dos 80 anos do HC

No dia 23 de abril, uma cerimônia lotou o auditório da Faculdade de Medicina para marcar o início das comemorações do aniversário de um dos complexos hospitalares mais importantes da América Latina

 Publicado: 24/04/2024     Atualizado: 26/04/2024 as 10:41

Texto: Adriana Cruz

Arte: Jornal da USP

A concorrida cerimônia teve início com a apresentação da Camerata Feminina do Instituto Baccarelli e a exibição do vídeo comemorativo dos 80 anos do HC - Foto Marcos Santos / USP Imagens

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP, ou simplesmente HC) está fazendo 80 anos. No dia 23 de abril, um evento, com a presença de autoridades, dirigentes da USP, professores, alunos e funcionários do HC, que lotaram o auditório da Faculdade de Medicina (FM), marcou o início das comemorações da efeméride. 

A concorrida cerimônia teve início com a apresentação da Camerata Feminina do Instituto Baccarelli e a exibição do vídeo comemorativo dos 80 anos do HC, além do lançamento do site Conecta FMUSP-HC News.

Em seguida, em seu discurso, o superintendente do HC, Antonio José Rodrigues Pereira, em tom bastante emocionado, destacou o pioneirismo do HC e ressaltou fatos marcantes na história do hospital, como o primeiro transplante de coração do Brasil, o primeiro transplante intervivos de fígado do mundo e o primeiro transplante de útero da América Latina, além “do grande legado deixado por nossa instituição ao longo da pandemia da covid-19, no período mais crítico da maior crise sanitária dos últimos 100 anos. Nossa instituição e todos os nossos colaboradores, sem exceção, arregaçaram as mangas para atender os pacientes mais graves em um esforço sem precedentes para salvar vidas. Sem dúvida, este foi um dos momentos mais marcantes da nossa trajetória e que ficará para a história deste complexo”.

A diretora da FM, Eloisa Bonfá, salientou o orgulho pelas realizações do passado, mas enfatizou também a necessidade de “olhar para o futuro com muita esperança e determinação”. “Seja através de novos procedimentos cirúrgicos, terapias inovadoras ou sistemas de gestão hospitalares avançados, estamos comprometidos a impulsionar constantemente os limites do que é possível na medicina”, considerou.

A ligação intrínseca entre a FM e o HC foi um dos pontos realçados pelo reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, durante sua fala - Foto Marcos Santos / USP Imagens

Fundações de saúde

A ligação intrínseca entre a FM e o HC foi um dos pontos realçados pelo reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, durante sua fala. “Grande parte das atividades de extensão promovidas pela Universidade e que são visualizadas pela sociedade se dá através de nossos hospitais universitários. A consideração que a classe política e a população em geral têm pela USP se deve muito ao trabalho desenvolvido no HC. Gostaria de chamar a atenção também para que, além do atendimento, o HC foi um centro formador e nucleador de diferentes hospitais, tanto privados, quanto públicos, no Brasil inteiro. O HC mudou a medicina no Brasil”, disse o reitor.

“Vejo o futuro do HC com muito bons olhos a partir das notícias que nós temos agora, do que vai acontecer no Hospital nos próximos anos”, considerou Carlotti, citando a recente sanção, pelo governador Tarcísio de Freitas, do projeto de lei 1.719/2023, que aprimora a relação entre a administração pública e as fundações de saúde dos hospitais públicos universitários em São Paulo. Na prática, a nova norma permite às instituições mais autonomia de gestão, fortalecendo o sistema de saúde estadual e melhorando a prestação de serviço à população paulista.

“Um dos desafios que tínhamos no início da nossa gestão era a consolidação do modelo fundacional, que estava sendo extremamente criticado e dando até uma insegurança jurídica para todos. Conseguimos, em uma parceria com o Governo do Estado, a Assembleia Legislativa, o Ministério Público e o Tribunal de Contas, o relato de uma lei que dá segurança jurídica a esse modelo fundacional, que permitirá ao HC crescer e continuar com essa pujança”, corroborou o secretário estadual de Saúde, Eleuzes Paiva.

Homenagens a colaboradores do hospital e a docentes aposentados da FM, que foram representados pelo Professor Emérito da faculdade, Silvano Raia, marcaram o encerramento da cerimônia.

O professor Silvano Raia foi um dos homenageados na cerimônia - Foto Marcos Santos / USP Imagens

Alta complexidade

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, inaugurado em 19 de abril de 1944, é uma autarquia especial do Governo de São Paulo, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde para fins de coordenação administrativa, e subordinado à FM para fins de ensino, pesquisa e prestação de serviços de saúde à comunidade.

Ao longo desses 80 anos, o HC se consolidou como referência de produção e difusão de conhecimento técnico-científico e excelência em ensino e saúde pública.

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A instituição representa, hoje, 35% dos atendimentos de alta complexidade da capital paulista e 14% dos de todo o Estado de São Paulo. Circulam, diariamente, entre seus institutos, ambulatórios e laboratórios, cerca de 45 mil pessoas entre pacientes, acompanhantes, estudantes, professores e profissionais da saúde.

O HC é formado por 16 unidades distribuídas em seu complexo: Instituto Central; Prédio dos Ambulatórios; Instituto de Psiquiatria; Instituto de Ortopedia e Traumatologia; Instituto de Medicina Física e Reabilitação; Instituto da Criança e do Adolescente; Instituto do Coração; Instituto de Radiologia; Instituto do Câncer do Estado de São Paulo “Octávio Frias de Oliveira”; Instituto Perdizes;  Laboratórios de Investigação Médica; Prédio da Administração; Centro de Convenções Rebouças; Escola de Educação Permanente; Inova HC; e Laboratório de Ensino, Pesquisa e Inovação em Cirurgia.

Só para se ter uma ideia da dimensão do trabalho realizado pelo HC, o complexo possui cerca de 22 mil colaboradores e, anualmente, realiza aproximadamente 36 mil cirurgias, 133 mil atendimentos de urgência, 1 milhão de exames por imagem e 2 milhões de exames de laboratórios. 

Laboratório –  Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Novos investimentos

 

Em 2022, a Reitoria anunciou o investimento de R$ 150 milhões para ampliação do complexo do HC com a implantação de dois novos prédios: o Centro de Pesquisas Clínicas e o Instituto Dr. Ovídio Pires de Campos. A ampliação do complexo com a construção dos edifícios vai aumentar a capacidade de atendimento do HC nas especialidades de oftalmologia, otorrinolaringologia, bucomaxilo, cabeça e pescoço e cirurgia plástica craniofacial.

 

O Instituto Dr. Ovídio Pires de Campos se juntará aos oito já existentes no complexo do HC. As obras tiveram início em 2023, com duração prevista de 24 meses. O instituto contará com 14 salas cirúrgicas, 17 leitos de recuperação cirúrgica e outros 10 de UTI. A nova estrutura permitirá ainda aumentar em 178% a capacidade mensal de realização de cirurgias ambulatoriais, em 75% a realização de cirurgias de grande porte, que necessitam de internação, e em 47% as consultas ambulatoriais nas especialidades abrangidas.

O novo Centro de Pesquisas Clínicas será uma estrutura centralizada e profissionalizada para o recrutamento e acompanhamento de pacientes e voluntários dos estudos clínicos que são realizados no complexo do HC, seguindo padrões nacionais e internacionais em pesquisa avançada. Além disso, R$ 20 milhões serão destinados para a aquisição de equipamentos para os centros cirúrgicos.

No último dia 17 de abril, o Governo do Estado anunciou a criação de 200 novos leitos no HC, que vão atender a todos os institutos, incluindo o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, e viabilizar mais 4,8 mil internações por ano. O HC também ganhará 12 novas salas cirúrgicas, que vão permitir um aumento de 8,8 mil procedimentos de alta complexidade por ano.


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