Como sequenciar e compartilhar informações sobre o sars-cov-2 podem ajudar a controlar pandemia

Para Camila Malta Romano, “é muito importante, no início de uma pandemia e toda vez que surge uma nova variante, entendermos qual é a dinâmica de circulação do vírus”

 28/07/2021 - Publicado há 3 anos
Camila Malta Romano diz que a vigilância genômica não possui efetividade, se feita somente em nível local, e que para seu funcionamento é necessário um panorama nacional para que se entenda qual a realidade da pandemia no País  – Arte sobre foto NIH e 123RF

 

Logo da Rádio USP

Em um artigo publicado na revista Lancet, pesquisadores divulgaram suas conclusões sobre a importância da vigilância genômica do sars-cov-2. A publicação foi feita após uma análise dos sequenciamentos do genoma do vírus disponíveis em bancos de dados públicos para monitorar as entradas e saídas do vírus de diferentes regiões geográficas. O estudo também destaca a eficácia que medidas não farmacológicas tiveram no controle da pandemia nas regiões analisadas. 

“É muito importante, no início de uma pandemia, e toda vez que surge uma nova variante, entendermos qual é a dinâmica de circulação do vírus”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Camila Malta Romano, pesquisadora do Laboratório de Virologia (LIM 52) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) e do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP. De acordo com ela, que é a primeira autora do artigo, esse acompanhamento foi fundamental também para as políticas públicas que visavam a mitigar a disseminação do vírus. As sequências analisadas pelo estudo até setembro de 2020 mostraram que a partir do momento em que houve medidas preventivas, como o lockdown, o número de introduções de novas sequências na região observada caiu muito. 

Camila destaca que no Brasil há esforços de equipes e de redes de sequenciamento nacionais, locais e da academia na geração e compartilhamento de dados gerados relacionados ao sequenciamento do sars-cov-2. Ela ressalta que a vigilância genômica não possui efetividade, se feita somente em nível local, e que para seu funcionamento é necessário um panorama nacional para que se entenda qual a realidade da pandemia no País. 

Ela ressalta a importância do compartilhamento de dados para que sejam utilizados nas tomadas de decisões efetivas que busquem diminuir o crescimento da pandemia. Um exemplo é o caso de Araraquara que, no início do ano, após a detecção da variante P.1 na região, foi informada da situação e instituiu um lockdown mais rigoroso que conseguiu controlar a transmissão à época. “A gente fica gerando dados, trancados dentro do laboratório, e se isso não for traduzido para uma medida que de fato possa ser tomada por um órgão público, isso não serve de nada”, conclui a cientistas.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.