Em eleições municipais, vitória de mulher é contagiante

A eleição de uma mulher para o cargo de prefeita aumenta em 80% a probabilidade de outras mulheres se candidatarem pela primeira vez ao cargo em eleições subsequentes

 29/05/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 25/07/2019 às 16:30
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A eleição de uma mulher para o cargo de prefeita aumenta em 80% a probabilidade de outras mulheres se candidatarem pela primeira vez ao cargo em eleições subsequentes. Essa é a principal conclusão de um estudo conduzido pelo cientista político Bruno Speck, docente da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, a partir da análise das eleições municipais brasileiras de 2008 e 2012.

Para isso, Speck levantou os dados das eleições municipais realizadas entre 2000 e 2012, mas teve de descartar boa parte deles. Como 75% dos cerca de 5.500 municípios brasileiros não tiveram candidatas mulheres em eleições anteriores, os dados relativos a essas localidades poderiam contaminar a análise. Assim, tanto no caso de 2008 quanto no de 2012, o cientista político considerou apenas os municípios onde mulheres disputaram a prefeitura na última eleição. A comparação foi entre os que elegeram homens e os que elegeram mulheres.

O objetivo era testar a hipótese do “efeito contágio”. O conceito foi utilizado por Richard E. Matland e Donley T. Studlar nos anos 1990 para explicar como o lançamento de candidatas mulheres para cargos legislativos por pequenos partidos de esquerda motivou outros partidos a adotarem a mesma estratégia. No caso de Speck, o mesmo conceito foi aplicado às eleições para os cargos majoritários no âmbito dos municípios brasileiros.

“Essa contribuição minha é um grão muito pequeno numa área específica que diz respeito à dinâmica eleitoral. E não a dinâmica eleitoral pensando no eleitor, mas a dinâmica eleitoral ainda pensando naquela candidata ou pré-candidata que pensa em se candidatar. Esse primeiro passo é um passo muito importante, porque não o dando, todas as outras questões caem por terra. Se a mulher não se candidata, não preciso nem perguntar se o eleitor votaria nela. Se a mulher não se candidata, eu não preciso e não posso nem avaliar se ela seria uma boa governante ou não”, diz Speck.

O trabalho foi publicado na edição de março da Latin American Research Review.

Por Silvana Salles, do Núcleo de Divulgação Científica da USP

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