Instinto de caça ativado em área do cérebro antes ligada ao medo

Pesquisadores comprovaram a relação entre o comportamento de caça e uma área do cérebro antes associada ao comportamento de medo. Os resultados dos experimentos dão pistas sobre alimentação e acúmulo de calorias.

 07/03/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 30/03/2020 as 18:04
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Experimentos mostram que área do cérebro antes relacionada ao medo faz camundongos caçarem até presas artificiais. Tanto as funções dessa área, chamada amígdala central, quanto os mecanismos envolvidos nas habilidades predatórias, são ainda pouco explorados e conhecidos. Os resultados dos experimentos feitos com camundongos podem dar pistas sobre alimentação e acúmulo de calorias.

O trabalho foi realizado na Universidade de Yale, a partir de linha de pesquisa desenvolvida no Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB).  Os neurocientistas Ivan Araujo, da Universidade de Yale, Newton Canteras e Simone Motta, do ICB, falam sobre a pesquisa publicada na revista Cell de 12 de janeiro.

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“Esse artigo é sobre um tipo específico de comportamento alimentar, que é comportamento predatório. Trata-se de um animal buscando um objeto vivo que vai lhe servir de fonte nutricional”, resume Ivan Araujo. Nascido no Brasil, Ivan é pesquisador do Laboratório John B. Pierce, sediado na Escola de Medicina de Yale. Seu interesse principal é a neurobiologia da alimentação. Ele contou ao Ciência USP como desenvolveu os experimentos relatados no artigo da revista Cell e como o estudo dos neurocientistas Newton e Simone, do Laboratório de Neuroanatomia Funcional do Departamento de Anatomia do ICB, influenciou o trabalho. A dupla conta que, para aprofundar o estudo no comportamento de defesa, foi necessário inverter os experimentos e observar, também, o que acontece quando o animal experimental assume um papel de predador. As conclusões do grupo põem em cheque antigas teorias sobre a função da amígdala central, que até então era mais associada ao medo. “Não é só confirmar que isso é importante para a caça. Isso é importante para mostrar o valor do central”, ressalta Newton.

Ao longo da evolução, a amígdala central parece ter sido preservada em todos os primatas com mandíbula. Há poucos estudos sobre essa pequena parte do cérebro e, ainda menos, sobre sua relação com o comportamento de caça. Mas a maioria é unânime em afirmar que o comportamento padrão de resposta frente o perigo é modulado pela amígdala central. ” Sem dúvida a amígdala tem uma participação, mas a gente coloca uma posição central, por exemplo, no hipotálamo para a organização de comportamentos”, conta Simone.

 

Produção: Núcleo de Divulgação Científica
Reportagem: Tabita Said e Bruna Larotonda.
Edição: Alan Petrillo, Tabita Said, Joyce Rossi e Mônica Teixeira.


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