Preocupados em avançar nos estudos em pediatria, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP têm desenvolvido estudos de coortes de nascimento desde o final da década de 1970. Os estudos, que são longitudinais, analisam um grupo de pessoas durante um longo período de tempo para observar fatores de risco precoces da vida que podem levar a doenças crônicas não transmissíveis em idades posteriores.
Entre os importantes achados estão os trabalhos que envolvem o acompanhamento de nascidos entre 1978 e 1979, que foram avaliados quanto ao baixo peso ao nascer, ao nascimento prematuro e a outros fatores, como escolaridade e relacionamento familiar. “Observamos, por exemplo, a violência e a desigualdade ao olhar para os dados de mortalidade entre os adolescentes: oito de cada dez mortos são homens, pobres e negros”, conta o professor Marco Antonio Barbieri da FMRP e um dos idealizadores do projeto ao Jornal da USP. Além disso, estudos do grupo apontam que pessoas nascidas por parto cesárea tiveram 58% mais chance de estarem obesos aos 23 anos; que ganho de peso na gravidez pode causas incontinência urinária; e que a microcefalia já era endêmica antes do vírus zika.
Em colaboração com pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), os cientistas de Ribeirão Preto criaram a Coorte Brasileira de Nascimentos de Ribeirão Preto e São Luís, que foi chamada de coorte BRISA Atualmente, os pesquisadores estão na fase de avaliações do estudo Brisa Escolar, que acompanha e avalia a saúde das crianças nascidas entre janeiro de 2010 e junho de 2011 em Ribeirão Preto (SP).
“As avaliações presenciais começaram em março e esperamos continuar até janeiro de 2023. A nossa expectativa é atingir a marca de 4 mil crianças até lá que passam por medida de pressão arterial, peso e estatura, percentual de gordura corporal, densidade óssea, saúde bucal, saúde mental, capacidade pulmonar, saúde do sono e dos vasos sanguíneos, recordatório alimentar, atividades com psicólogos e nível de atividade física, assim como o impacto que a pandemia da Covid-19 exerceu na saúde e bem-estar das crianças e seus familiares”, conta a professora Heloisa Bettiol, que é uma das coordenadoras do BRISA.
O estudo é conduzido pelos pesquisadores do Núcleo de Estudos da Saúde da Criança e do Adolescente (NESCA) da FMRP da USP e desenvolvido simultaneamente na cidade de São Luís (Maranhão) com financiamento do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
Os interessados em participar do projeto, que nasceram em Ribeirão Preto entre 2010 e junho de 2011, devem entrar em contato por telefone: (16) 3315-9205 ou mensagens no Whatsapp (16) 99240-8044.
Dia do Milésimo
No último sábado, dia 6 de agosto, o grupo de pesquisadores realizou um evento comemorativo pela conquista da avaliação de mil crianças voluntárias do projeto com entrega de certificados na Unidade de Pesquisa Clínica (UPC), localizada na Clínica Civil do Hospital das Clínicas da FMRP na rua Tenente Catão Roxo, 2701 – Vila Monte Alegre.