Práticas de sustentabilidade são caminhos sem volta nas empresas

Empresários de Ribeirão Preto se mobilizam para discutir a difusão dessas iniciativas que estimulam a sustentabilidade ambiental, social e de boas práticas de governança

 30/08/2023 - Publicado há 8 meses
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A sustentabilidade garante qualidade de vida empresarial, social, ambiental. Foto: Freepik
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O apelo por um mundo mais sustentável cria novas dinâmicas sociais e o universo empresarial não fica de fora. Uma dessas dinâmicas é a implantação nas empresas das práticas  baseadas nos pilares ambientais, sociais e de governança, conhecida pela sigla em inglês ESG – Environmental, Social and Governance. A importância da adoção dessas práticas pode ser medida, por exemplo, pelo mercado global de ativos ESG, que são os investimentos em empresas que as adotam.  Hoje, esse mercado corresponde a US$30 trilhões e deve bater a casa dos US$ 53 trilhões até 2025, segundo levantamento da Bloomberg, empresa de tecnologia e dados para o mercado financeiro. Atentos a esse novo cenário, um grupo de empresários de Ribeirão Preto decidiu fazer um fórum de discussão para ampliar as práticas ESG na cidade e fazer dela um polo de referência de sustentabilidade, proteção e conservação ambiental.

Profa. Adriana Caldana (FEA-RP). Foto: acervo particular

No Brasil, as práticas ESG ainda não são muito difundidas se comparado aos Estados Unidos e países europeus. Em 2020 os fundos ESG captaram cerca de R$ 2,5 bilhões, no País, segundo um levantamento da revista eletrônica de negócios e investimentos Capital Reset. Mas a implementação dessas práticas é um caminho sem volta, na percepção da professora Adriana Caldana, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de RibeirãoPreto (FEA-RP) da USP. “A perspectiva de preocupações corporativas em relação à gestão dos pilares ambientais, sociais e também de governança, é fundamental no mundo atual porque a gente não tem mais como suportar todas as pressões que o nosso modelo de produção e de consumo vem exercendo no planeta. A desigualdade social e questões ligadas à falta de transparência de governança, de corrupção… Na sigla ESG você agrupa uma série de fatores que são vitais hoje para sobrevivência das empresas e das organizações no ambiente de negócios.”

Ela complementa: “A agenda que nós temos de desenvolvimento sustentável posta desde 2015 até 2030 é a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODSs da ONU.” Mas ela chama atenção para o fato de que as práticas ESG não garantem que a empresa se torne sustentável instantaneamente, “mas mostra que está no esforço, no caminho de mudança de práticas de melhoria”.

Para estimular o crescimento das práticas ESG nas empresas da região de Ribeirão Preto, é preciso uma mudança de cultura. Segundo Daniel Bellissimo, co-fundador e diretor institucional do Instituto Terroá e um dos idealizadores do movimento, a sustentabilidade ainda é vista de forma muito fragmentada pela maior parte das empresas regionais.

Daniel Bellissimo. Foto: acervo particular

“O relacionamento com a comunidade é visto como um gasto, uma caridade. O que a empresa faz na área ambiental, por exemplo, é para cumprir um licenciamento, as normativas, leis. Tudo é gasto, não é relevante, é algo paralelo”, exemplifica Bellissimo. Mudar essa cultura requer esforços. “A sustentabilidade precisa ser um pilar central da estratégia da empresa. Isso pode envolver não só investimentos, mas também inovações. Quando se troca o sistema de energia e gera uma economia não se favorece apenas o meio ambiente. No médio e longo prazo essa medida gera maior retorno para empresa, gera economia”. 

Ele mostra exemplos na área social: “Quando a empresa investe nas famílias dos colaboradores reduz sua vulnerabilidade. Quando se investe na educação das crianças ou do próprio colaborador, não se trata de gasto social, estimula, por exemplo, o aumento de produtividade, a retenção de talentos”. Essa mudança de postura empresarial não se dá isoladamente. “Tem que ser uma construção de governo com políticas públicas junto com a sociedade civil. É preciso maior maturidade com maior participação, engajamento no desenvolvimento sustentável, é uma soma de esforços multi setorial.”

Fórum ESG

Empresários da cidade não querem perder a oportunidade e criaram um movimento para difundir a importância dessas práticas de sustentabilidade. Eles organizam o 1º Fórum ESG. “Este evento, que é aberto a todos os interessados, é para dar o pontapé inicial para agregar o máximo de organizações e pessoas que queiram compor e co-organizar o fórum. Com cases inspiradores e um modelo de muita participação da comunidade e das empresas, queremos elevar a régua da gestão sustentável na região”, explica Bellissimo. A ideia é “conectar organizações da sociedade civil e do poder público, empreendedores e profissionais liberais que queiram contribuir e se aperfeiçoar nos temas ligados à sustentabilidade”.

Gabriel Tosi, fundador da Propago, plataforma que promove profissionalização do terceiro setor e um dos líderes do movimento, diz que o objetivo final é “transformar Ribeirão Preto num polo de referência de sustentabilidade, proteção e conservação ambiental”. Ele acredita que a região tem potencial para se destacar e se tornar referência no país. A professora da FEA-RP reforça essa ideia: “A nossa cidade é um polo importante aqui na região e nós temos totais condições, com pessoas na academia, na sociedade civil, no setor privado e no setor público também que podem discutir as questões ligadas às práticas ESG em alto nível”.

A primeira Edição do Fórum Regional ESG é no dia 31 de agosto, das 8h às 10h, e se repete na última quinta-feira de cada mês. Será no Dabi Business Park, Rua General Augusto Soares dos Santos, 100,  Lagoinha,  Ribeirão Preto (SP). As inscrições são gratuitas e limitadas e devem ser feitas pelo link https://bit.ly/FORUM_ESG.


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