Para algumas mulheres, sexo não é sinônimo de prazer, mas, sim, de dor. A causa do problema pode ser as varizes pélvicas. Os especialistas explicam que a doença é caracterizada por vasos ou veias dilatados próximos ao útero, ovários e trompas, que atrapalham o retorno venoso, inflamam e causam dores intensas. O quadro pode causar dores durante e após o ato sexual e também quando está próximo ao período menstrual.
O médico André Moreira de Assis, radiologista intervencionista do Instituto de Radiologia (InRad) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM), explica ao Jornal da USP no Ar que é uma doença de difícil diagnóstico. “É um quadro muito facilmente confundido com outras origens de dor. Seja inflamações do trato gastrointestinal, cólicas ou mesmo com endometriose. Então, surge uma suspeita que leva essa paciente ao ginecologista, ou ao radiologista intervencionista, para uma avaliação pormenorizada. Só assim chega a um especialista”, esclarece.
Como os vasos dilatados se encontram no interior da pelve da mulher, não é um caso aparente. “As pacientes sofrem de dores crônicas na pelve, que podem durar para mais de seis meses, com algumas características marcantes. É uma dor em peso, que piora quando a mulher fica muito tempo de pé ou faz esforço físico. Normalmente, relacionado à dor durante a relação sexual. Tudo isso chama atenção para o diagnóstico. Porém, as outras fontes de dor precisam ser excluídas até o especialista chegar à síndrome de congestão pélvica”, conta Assis. Em vista disso, o diagnóstico é feito por avaliação clínica e física, mais exames de imagem.
“Hoje, de qualquer maneira, é muito comum as mulheres terem uma consulta de rotina no radiologista. E nessa visita ao médico podem ser identificadas algumas veias dilatadas. No entanto, se a paciente não sente dores ou desconfortos, não é necessária uma intervenção clínica”, declara o médico. Há duas maneiras de se tratar as varizes pélvicas. Pode ser feita uma cirurgia laparoscópica, na qual o médico faz a ligadura dos vasos dilatados, ou pode ser feita uma embolização das veias. “Nesse método mais novo, são criadas tromboses controladas com medicamentos. O corpo reage aos vasos entupidos, gerando uma cicatrização. O tecido cicatricial do processo forma uma espécie de cordãozinho que recupera a veia”, esmiúça Assis.
A síndrome da congestão pélvica é comum em mulheres que já ficaram grávidas. “Sobretudo aquelas que tiveram múltiplas gestações. Ao longo da gravidez, o útero cresce muito, crescendo também a quantidade de sangue na região e isso sobrecarrega muito o sistema venoso da pelve da mulher”, aponta o radiologista. O sangue que circula nas veias da pelve tem como destino o coração. Ou seja, corre contra a gravidade. “Um dos mecanismos que permite ao sangue subir são as válvulas. Elas impedem que o sangue desça. Contudo, a sobrecarga pode afetar seu funcionamento, fazendo a corrente sanguínea refluir. Esse processo acarreta inflamação e, consequentemente, dor”, explica.
A gravidez também ocasiona alterações hormonais. “O padrão de carga hormonal muda muito e isso tem efeito na pelve”, indica Assis. Ele fala que algumas mulheres que não passaram por gestação também podem ter a doença, apesar de ser um quadro raro. A síndrome acontece principalmente no decorrer da idade fértil. De qualquer maneira, o tratamento é eficiente. “Em cerca de 90% dos casos, não há reversão dos quadros, se a cirurgia é feita corretamente, embora possam aparecer novas veias dilatadas”, expõe.
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