Surpreendente. É como o cientista político André Singer analisa o resultado do primeiro turno das eleições, no domingo passado (7). Até então, projetava-se para o segundo turno uma situação de equilíbrio entre os candidatos Fernando Haddad (44% das intenções de voto) e Jair Bolsonaro (42%). No entanto, praticamente às vésperas da realização do primeiro turno, o candidato do PSL cresceu 8 pontos porcentuais, chegando a 46% dos votos válidos, quando as pesquisas anteriores lhe davam 38% dos votos válidos, um desempenho que mostra uma evolução muito rápida de Bolsonaro.
“O que se verificou foi uma espécie de onda de última hora, que fez com que o candidato Bolsonaro quase ganhasse no próprio domingo”, analisa Singer. Uma pesquisa recente do Instituto Datafolha projeta para o segundo turno 58% das intenções de voto no candidato do PSL contra 42% em Fernando Haddad, o que, para o colunista, indica que essa onda de última hora parece estar prevalecendo. A diferença entre os dois oponentes é grande, e o prazo muito curto tende a favorecer Bolsonaro.
Segundo Singer, passamos por uma avalanche – canalizada pelo candidato da extrema direita – que ainda não se sabe onde vai parar. Uma coisa, porém, parece certa: muito ainda deverá ser discutido a respeito das causas dessa avalanche, as quais não estão suficientemente claras.