As novas políticas protecionistas estadunidenses e a ação chinesa na Organização Mundial do Comércio (OMC) estão dando início a um momento de transição: o fim dos EUA como a maior potência econômica e política do planeta. Em razão disso, o Diálogos na USP debate nesta edição as atitudes do presidente Trump, a atual OMC e como o Brasil se insere nesse contexto.
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Os convidados para discutir o assunto são Celso Grisi, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, e Alexandre Uehara, professor do Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa e pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Relações Internacionais (Nupri) da USP.
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Ao analisar o atual cenário do comércio mundial, o professor Grisi afirma que “estamos em uma nova desordem econômica e comercial, planejada ou articulada sobretudo pelos Estados Unidos”. Para ele, o país, assim como sua população, está consciente de que não é mais a maior potência mundial, perdendo espaço para a China, maior compradora do mundo. O cenário envolve diversos atores, como a União Europeia, o “bloco informal dos países asiáticos”, o próspero Japão e os países em desenvolvimento. Segundo o professor da FEA, o Brasil se encontra nesse último grupo e tem tomado uma postura de alianças com países que se agregam pouco com o nosso comércio.
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Já o professor Uehara acredita que o momento atual é de transição, mas existe o potencial de virar uma guerra comercial, o que trará um retrocesso à economia e ao comércio mundial. “As atitudes de Trump estão ajudando a economia mundial a se deslocar para a China. Quando se olha para o lado político, há mais uma inversão, uma vez que a China está defendendo o livre comércio. Estamos caminhando para uma nova posição, não só em termos econômicos mas também políticos”, analisa.
Quando perguntados a respeito da atuação brasileira no novo contexto, os professores tocam pontos distintos. Para Grisi, o Brasil é beneficiado no comércio com culturas distintas por sua diplomacia. “Viver essa heterogeneidade econômica e cultural não será uma barreira se nós pusermos nessas negociações, além dos assessores econômicos, a diplomacia brasileira.” Segundo ele, a diplomacia brasileira é tolerante e sabe conviver com as diferenças entre as culturas, o que ajuda nas transições econômicas. O problema maior é a instalação das empresas, devido à organização empresarial. O professor Uehara, por outro lado, acredita que falta um plano de Estado para o Brasil, o que faz com que seja difícil negociar com o País. Mas apesar disso, para ele, não podemos deixar de prestar atenção nos países asiáticos, uma vez que são um enorme mercado em ascensão.
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Ouça, no link acima, a íntegra do Diálogos na USP, que teve apresentação dos jornalistas Roberto Castro e Luiz Serrano (Superintendência de Comunicação Social da USP) e trabalhos técnicos de Dagoberto Alves. A produção é do Departamento de Jornalismo da Rádio USP.