Novo ministro do Meio Ambiente tende a seguir política antiambiental do antecessor

A opinião é do professor Pedro Luiz Côrtes ao comentar a troca de comando no Ministério do Meio Ambiente: sai Ricardo Salles e entra Joaquim Álvaro Pereira Leite, ex-conselheiro da Sociedade Rural Brasileira, considerada conservadora

 25/06/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 29/07/2024 às 11:28
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Amazonas. Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real viaFotos Públicas

Ricardo Salles anunciou seu pedido de demissão do Ministério do Meio Ambiente na última quarta-feira, 23, abrindo espaço para a nomeação de Joaquim Álvaro Pereira Leite por Jair Bolsonaro. Leite estava à frente da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais, que faz parte do Ministério. O legado deixado por Salles e o que o novo comando do Ministério do Meio Ambiente traz são assuntos de que trata Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IE).

Ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Côrtes relembra que houve um significativo desmonte do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama e do ICMBio, “então, toda essa estrutura perdeu capacidade de fiscalização e de fazer autuações por crimes ambientais”, afirma. Houve crescimento do desmatamento na Amazônia, grandes incêndios no Pantanal, comprovada omissão no caso de derramamento de óleo que ocorreu de forma inexplicada na costa brasileira e, como diz o professor, solucionadas pela Marinha sem o auxílio de Salles.O ex-ministro Ricardo Salles sempre tentava justificar, dizendo que o desmatamento já fora maior, que ele não era o culpado, mas a preservação ambiental de fato não ocorreu durante a gestão do ministro”, afirma Côrtes, ressaltando que a falta de chuva na região central do Brasil, que atinge diversas hidrelétricas e está diretamente ligada com a crise hídrica, foi também legado dos incêndios e desmatamentos não gerenciados por Salles.

Joaquim Álvaro Pereira Leite foi conselheiro da Sociedade Rural Brasileira, que é uma sociedade considerada conservadora, portanto, “provavelmente ele vai manter toda a política ambiental ou antiambiental do presidente Bolsonaro, mas talvez com modos mais suaves, menos deletérios”, afirma Côrtes. Mudam-se os nomes, mas não a essência da atuação, ora menos ou mais agressiva, mas, como sustenta o professor, não menos prejudicial ao meio ambiente. “É esperar para ver, esperar declarações, ações que ele venha a tomar para melhor avaliar. Mas, de qualquer forma, mesmo que ele tenha boas intenções, atualmente ele não vai contar com uma boa estrutura porque o Ricardo Salles desmontou a estrutura de fiscalização, burocratizou ainda mais a autuação, ou seja, todo o processo que visava a coibir os crimes ambientais, bastante abrandados”, conclui Côrtes. 


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