O controle na disseminação da sífilis é um desafio para a saúde pública. Só em 2019 foram detectados 158.051 casos. Essa é uma doença infecciosa, sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema pallidum, e pode se apresentar de várias formas, o que dificulta sua identificação. Toda gestante portadora da doença deve ser notificada na gestação para evitar a transmissão da mãe para o feto. O doutor Olavo Munhoz Leite, infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, afirma que “a sífilis, assim como a gonorreia, é considerada emergência mundial pela Organização Mundial da Saúde”.
Quando não detectada, a sífilis pode avançar, causando vários danos ao organismo. Segundo Munhoz Leite, “estima-se que, por ano, cerca de 6 milhões de novos casos ocorram entre pessoas de 15 a 49 anos de idade”. A doença tem duas formas: a adquirida e a congênita. A sífilis adquirida teve um aumento significativo no Brasil. Somente a partir de 2010 ela passou a ser uma das doenças no rol daquelas de notificação obrigatória. Antes, só a congênita era notificada.
O infectologista cita que “entre os fatores que contribuíram para o aumento no número de casos está a liberdade sexual, que proporcionou o maior contato entre pessoas doentes e sadias. Um dos grupos em que esse aumento foi mais significativo foi o de homens que fazem sexo com homens”. Essa é uma doença com múltiplas apresentações e muitas vezes o diagnóstico não é feito pela não percepção de lesões nas fases primária e secundária e então ela avança para as fases latentes da enfermidade, em que a pessoa não tem sintomas, mas os exames já detectam sua existência.
“O uso de preservativo é a melhor maneira de prevenir a sífilis”, lembra o doutor Munhoz Leite. Quando não identificada e tratada, a bactéria pode se disseminar para o sistema nervoso central, podendo levar a quadros de perda de memória. Também pode afetar a visão, causando cegueira, além de um acometimento cardiológico e comprometimento ósseo e cutâneo.