Só quem tem um familiar dependente químico sabe o quanto é difícil lidar com essa realidade. Atualmente, existem 129 clínicas para receber pacientes com esse perfil, segundo dados da Febract (Federação Brasileira de Comunidades). Em geral, essas unidades de atendimento são em regiões afastadas da cidade ou no interior e costumam ter vínculos religiosos. Não há evidências científicas de que esses locais oferecem um tratamento tecnicamente adequado e que essas instituições poderão ser auditadas ou fiscalizadas pelos órgãos de controle e conselhos de classe, diz Rodrigo Martins Leite, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da USP.
Segundo ele, essa é uma iniciativa que talvez desvie o foco da política de álcool e drogas do que é essencial, que é a manutenção e otimização dos centros de atenção psicossocial voltados para os dependentes. Para Leite, a questão da promoção do debate sobre álcool e drogas é um tema negligenciado no Brasil. Ele lembra que, para que esse atendimento dê certo, há dois pilares primordiais que deveriam ter um orçamento compatível com sua importância: promoção e prevenção. Ele também acredita que “o ideal seria um tratamento em regime aberto, com internações breves”.