Falta de governança centralizada dificulta combate a crises de saúde e climática

Segundo Paulo Artaxo, é impossível combater as crises de saúde, climática e de biodiversidade com ações fragmentadas ao redor do globo

 25/11/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 04/07/2024 às 14:06
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Foto: 123RF

Na edição de número 100, a revista Estudos Avançados, do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, aborda as dificuldades da governança global na gestão da pandemia e da crise climática. Segundo especialista, as crises mundiais de saúde e de biodiversidade estão conectadas e podem causar graves impactos socioeconômicos. A destruição de ecossistemas propicia o espraiamento de vírus e doenças desconhecidas para as quais o mundo precisa estar preparado.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física (IF) da USP, informa que o mundo passa por três crises simultâneas: de saúde, climática e de biodiversidade. Ambas têm a superexploração dos recursos naturais do planeta como causa comum. A devastação de florestas aumenta o contato humano com animais, o que facilita a transmissão de vírus ainda desconhecidos pela ciência e pode ocasionar novas epidemias. Um fator agravante para crises de saúde, como a de covid-19, é a falta de governança centralizada. Para ele, é impossível combater uma pandemia com ações fragmentadas: “A falta de uma governança global que dirija e coordene as ações é absolutamente fundamental tanto na pandemia de saúde quanto na gestão da crise climática global”.

Na visão de Artaxo, é essencial estabelecer planos de médio e de longo prazo como forma de prevenção a eventuais crises futuras: “É certo que uma nova pandemia vai nos atingir. Talvez possa até ser pior do que esta de covid-19. E os nossos governos aprenderam a lição? Nós vamos investir em ciência para quando a próxima pandemia chegar estejamos prontos para lidar, produzir vacinas e tratamentos mais sofisticados?”. E afirma: “Precisamos de programas de longo prazo e de governos que não pensem só nos próximos quatro anos”.

Para o professor, a utilização de recursos naturais de maneira inteligente e eficiente deveria ser incorporada como estratégia para garantir o futuro do País ao invés de incentivar a ilegalidade e a destruição dos ecossistemas. “A pior coisa que você pode fazer na Amazônia é incentivar a ilegalidade. Isso afronta a Justiça, nossa Constituição Federal e todos os brasileiros. Nós vemos, sem nenhuma punição, o agronegócio simplesmente invadindo terras e se apropriando de propriedades que pertencem a todos nós.”


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