Mesmo que se defenda diariamente do discurso anticorrupção, o brasileiro não deixa de praticar pequenas ações antiéticas em seu dia a dia. Nesta semana, o Diálogos na USP traz para a mesa o debate das relações morais e éticas que cercam a aplicação das leis brasileiras e como o cidadão se comporta perante esses valores no cotidiano.
Convidado do programa, Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, defende que a ideia de que o brasileiro é corrupto e que tem alto grau de tolerância à corrupção é falsa. No entanto, ele ressalta que “boa parte dessa sociedade é explorada, então por que ela não vai explorar?”.
Marilene Proença Rebello de Souza, professora e diretora do Instituto de Psicologia da USP, diz que esses comportamentos têm muito a ver com o coletivo social. Para ela, uma vez que alguém consegue algo por meios antiéticos, ou mesmo ilegais, e não é punido, outras pessoas de convívio social próximo se veem no direito de reproduzir a conduta, que acaba por se disseminar. “O que nós vemos é uma naturalização dos processos de corrupção na sociedade, e aí esse significado social vai se transformando no sentido pessoal”, afirma a psicóloga.
Oliveira lembra ainda que “grandes empresários, que são considerados grandes exemplos de mercado, não praticam a fraude porque têm a intenção de fraudar. Eles praticam a fraude porque estão afastados da realidade”. Ele fala ainda que esse afastamento gera uma sensação de impunidade, que sustenta as fraudes e corrupções.
Marilene observa que a indignação atual é um processo importante no avanço a um ponto de virada, mas ressalta que é importante questionar: “Como nós vamos canalizar isso do ponto de vista social e político? Como nós vamos pressionar nossas instituições?”.
Para ouvir, na íntegra, o Diálogos na USP, clique no link acima.