Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis

Justino de Oliveira e Marilene Proença Rebello de Souza discutem a aplicação das leis no Brasil

 10/11/2017 - Publicado há 6 anos

Mesmo que se defenda diariamente do discurso anticorrupção, o brasileiro não deixa de praticar pequenas ações antiéticas em seu dia a dia. Nesta semana, o Diálogos na USP traz para a mesa o debate das relações morais e éticas que cercam a aplicação das leis brasileiras e como o cidadão se comporta perante esses valores no cotidiano.

Convidado do programa, Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, defende que a ideia de que o brasileiro é corrupto e que tem alto grau de tolerância à corrupção é falsa. No entanto, ele ressalta que “boa parte dessa sociedade é explorada, então por que ela não vai explorar?”.

Marilene Rebello e Justino de Oliveira – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Marilene Proença Rebello de Souza, professora e diretora do Instituto de Psicologia da USP,  diz que esses comportamentos  têm muito a ver com o coletivo social. Para ela, uma vez que alguém consegue algo por meios antiéticos, ou mesmo ilegais, e não é punido, outras pessoas de convívio social próximo se veem no direito de reproduzir a conduta, que acaba por se disseminar. “O que nós vemos é uma naturalização dos processos de corrupção na sociedade, e aí esse significado social vai se transformando no sentido pessoal”, afirma a psicóloga.

Oliveira lembra ainda que “grandes empresários, que são considerados grandes exemplos de mercado, não praticam a fraude porque têm a intenção de fraudar. Eles praticam a fraude porque estão afastados da realidade”. Ele fala ainda que esse afastamento gera uma sensação de impunidade, que sustenta as fraudes e corrupções.

Marilene observa que a indignação atual é um processo importante no avanço a um ponto de virada, mas ressalta que é importante questionar:  “Como nós vamos canalizar isso do ponto de vista social e político? Como nós vamos pressionar nossas instituições?”.

Para ouvir, na íntegra, o Diálogos na USP, clique no link acima.


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