Promove-se neste mês o Março Amarelo, campanha mundial de conscientização da endometriose, doença crônica que atinge cerca de 10% das mulheres em idade fértil no mundo. Apesar de benigna e desconhecida, a doença tem uma grande repercussão clínica: é a principal causa de infertilidade feminina, dor pélvica e absenteísmo na mulher, ou seja, o afastamento profissional da mulher em razão da endometriose, como explica ao Jornal da USP no Ar, Maurício Abrão, ginecologista e chefe do Ambulatório de Endometriose do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP.
A endometriose é conhecida como a doença da mulher moderna, já que esta “menstrua muito mais porque tem menos filhos, além de ter, muitas vezes, um perfil de estresse no trabalho, no cotidiano, de fator ambiental, que também favorece isso”, como comenta o médico. Entre os sintomas estão cólica menstrual, dor nas relações sexuais, dor ao urinar ou menstruar, dor durante a menstruação e dificuldade de engravidar.
As mulheres demoram entre cinco e sete anos para descobrir a doença e confirmar o diagnóstico. Segundo o ginecologista, são 7 milhões de mulheres no Brasil que sofrem do problema. Hoje, no entanto, existem tratamentos cirúrgicos e clínicos para a dor e para a infertilidade geradas pela doença. “Quanto mais cedo tratar, melhor”, aponta Abrão, “e mesmo em casos extremos, ou com diagnósticos tardios, há hoje, no Brasil, centros de referência capacitados para o tratamento da doença mais avançada”.
O Brasil se tornou uma referência mundial para o tratamento e para o diagnóstico da doença. “Desenvolvemos aqui uma forma de se fazer diagnóstico por imagem e muitos protocolos de tratamento que têm sido colocados em prática no mundo inteiro”.
Sobre a prevenção, Abrão recomenda a procura de um especialista, caso os sintomas da doença aparecerem. “Quando a doença for um pouco mais preocupante, se estiver um pouco mais avançada, procurem um especialista em endometriose, o que é fundamental para o sucesso terapêutico”.
Ouça a entrevista na íntegra.
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