O envelhecimento da população pode ser acompanhado de um problema grave de saúde pública com a estenose da válvula que libera o fluxo de sangue para a principal artéria do corpo humano. Os idosos de mais de 80 anos são o alvo principal da doença. E o mais preocupante é que de 3% a 5% da população pode apresentar algum grau de acometimento da válvula aórtica, a partir dos 65 anos de idade. A hipertensão arterial, aumento do colesterol, o diabetes mellitus e o tabagismo estão na origem do problema.
Flávio Tarasoutchi, diretor da Unidade de Valvopatias do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC), da Faculdade de Medicina (FM) da USP, explica o que é essa estenose. A válvula aórtica, muitas vezes por ação do tempo – o envelhecimento é uma das causas mais comuns para a doença -, sofre um enrijecimento que limita sua abertura e a distribuição sanguínea para o resto do corpo. Esse processo leva a um represamento de sangue no coração, além de uma congestão pulmonar e circulação sanguínea no cérebro. Ele completa dizendo que a doença é um problema de saúde pública que acomete principalmente idosos acima de 65 anos.
O cardiologista conta, também, que o coração humano tem capacidade de se adaptar a inúmeras situações, e que uma delas é justamente esse enrijecimento da válvula aórtica. Por isso, a estenose muitas vezes passa despercebida pelos pacientes. Ele conta que a melhor forma de detectá-la é a ida ao médico e realização de exames clínicos. Quando o coração é ouvido através do estetoscópio, é possível identificar a estenose por um sopro característico no coração. A partir daí, devem ser feitos exames mais detalhados, como eletro e ecocardiogramas e radiografias do tórax.
Flávio afirma que não existe medicação para conter essa degeneração na válvula aórtica, mas diz que é importante diminuir os fatores de risco, como tratar a diabete, a hipertensão e evitar o tabagismo. Isso pode ser feito através da prática de atividades físicas, evitar dietas ricas em carboidratos e sal. No caso de identificação da doença, no entanto, o tratamento é a intervenção na válvula, seja por procedimento cirúrgico ou por implante de bioprótese via cateter, ainda que este não seja muito popular no País, por falta de liberação do Sistema Único de Saúde (SUS) e complicação dos próprios convênios médicos, conta o médico.
Por fim, o cardiologista conta que há, também, a estenose do jovem, que é chamada de estenose aórtica bivalvular. A causa é, principalmente, nascer com uma anomalia que gera a predisposição para essa doença, através da lesão do fluxo sanguíneo. Essa doença pode levar à estenose precoce, por volta dos 20 a 40 anos.