Arte das periferias ajuda na diminuição da violência urbana

Para especialista, isso ocorre por transformar o verbo em arma através do debate e da produção cultural

 27/09/2018 - Publicado há 6 anos

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Após refletir sobre a literatura produzida nas periferias, a Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP promoverá, no dia 28 de setembro, um debate sobre arte urbana a partir de experiências estéticas como o grafite, o pixo e HQ produzidas por artistas das periferias das cidades. Esse diálogo reunirá artistas do Rio de Janeiro e de São Paulo, com o objetivo de propiciar trocas de experiências e reflexões sobre a percepção dessas artes pela população das cidades.

Sérgio Miguel Franco é curador e produtor cultural e conta que a produção cultural da periferia é tão diversificada quanto em outras partes da cidade, porém, traz um tempero a mais: um pouco da revolta que o povo tem pela ausência do Estado na educação, na saúde e na cultura. No caso das artes visuais, ele explica que elas se apropriam da intervenção da letra – no caso da pichação – e da figura – no caso do grafite.

Panmela Castro, artista visual e mestre em processos artísticos contemporâneos, diz que já teve que, ao se envolver com o grafite, passar por algumas situações por ser mulher, como se “masculinizar” para ser aceita em determinados grupos, ou se “feminilizar” e exercer o papel que é esperado da mulher na sociedade. Ela explica, também, sobre o código presente na pichação: apesar dessa manifestação ser bastante original no Brasil, ela ainda é colonizada, segundo a artista, que vem pensando em como descolonizar essa arte e dar-lhe liberdade.

Franco lembra que a pichação de São Paulo já chegou até mesmo a ser exibida na Bienal de Berlim de 2012, que hoje é um dos eventos mais importantes das artes visuais para que se manifeste revolta política. Ele conta que, em sua opinião, esse tipo de debate proposto pela arte de revolta “transforma o verbo na arma”, e nesse ato impede a violência que existe na cidade, seja de classe, de gênero ou de sexualidade.

O evento ocorre no dia 28 de setembro, às 14h, na Sala Alfredo Bosi do IEA, que fica na Rua da Praça do Relógio, 109, São Paulo. O evento é gratuito e pede inscrição prévia. Ele contará com a participação de Panmela Castro, artista visual e mestre em processos artísticos contemporâneos; Carlos Esquivel, artista carioca conhecido como “Mestre Acme”; Marcelo D’Salete, professor, ilustrador e autor de histórias em quadrinhos; Michel Onguer, artista plástico e fundador da Ciclo Social Arte; e Sérgio Miguel Franco, curador e produtor cultural.

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