Anvisa autoriza testes do soro anticovid do Butantan em humanos

Ana Marisa Chudzinski Tavassi explica que o soro será administrado em um grupo inicial de 60 pessoas com comorbidades ou transplantadas do rim, que são propensas a desenvolver doenças graves a partir do coronavírus

 31/05/2021 - Publicado há 3 anos
O Butantan faz soros há cerca de 120 anos, partindo de antígenos ou de uma toxina – Foto: Flickr
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o início dos testes em humanos do soro anticovid desenvolvido pelo Instituto Butantan. O produto já está disponível em 3 mil frascos envasados para os testes clínicos no Hospital do Rim, em São Paulo, e há lotes armazenados para o envase. O soro tem a função de controlar a infecção por coronavírus e os 60 pacientes iniciais estão no grupo de pessoas com comorbidades e/ou que receberam transplante de rim, que são propensos a desenvolver doenças graves a partir da infecção.

Ana Marisa Chudzinski Tavassi, diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do Instituto Butantan, explica ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição que os testes são divididos em três etapas, sendo que, nas etapas um e dois, são administradas as doses do soro nos 60 primeiros pacientes. A terceira etapa é a que constata a eficácia, com o mesmo perfil de pessoas, e o número de pacientes pode chegar a até 700 pessoas. “Uma vez concluídas as fases, a gente volta para a Anvisa com uma análise estatística coerente e significativa. A agência verifica se está ok e se podemos partir para um pedido emergencial – porque aí expandimos o uso – ou para um registro, explica ela.

O Butantan faz soros há cerca de 120 anos, partindo de antígenos ou de uma toxina. Sobre as diferenças entre a vacina e o soro, Ana Marisa explica que, “quando se fala em vacina, estamos usando o vírus inteiro inativado ou partes dele para injetar numa pessoa, cujo sistema imunológico responde contra esse vírus ou partícula e vai formar anticorpos ou as suas células vão ficar preparadas para, quando tiver contato com o vírus, o corpo estar preparado para se defender”. Ou seja, a vacina é dada para prevenir a infecção, logo antes dela. Já o soro é administrado após a infecção, para controlá-la. Cavalos da fazenda do instituto recebem um esquema de vacinação para que produzam anticorpos. “Pegamos o plasma do sangue coletado dos cavalos, onde estão os anticorpos, processamos, purificamos, concentramos e aí temos só o anticorpo, que será administrado em uma pessoa.” A doação de plasma de pessoas que foram infectadas está sendo utilizada também para ajudar na pandemia e a ideia é exatamente a mesma. O soro, por outro lado, independe de doadores para ser disponibilizado.

Enquanto a CoronaVac esporadicamente tem o seu processo de produção interrompido por falta de insumos importados da China, o soro anticovid é produzido pelo Butantan no Brasil, que conta com uma fazenda com cerca de mil cavalos e uma fábrica de processamento. Hoje, segundo Ana Marisa, o Butantan produz 500 mil doses de soro por ano para os diferentes soros que o instituto entrega para o País, entre todos os soros necessários no Programa Nacional de Imunizações. 


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