Ouça na íntegra a entrevista com o professor Rafael Villa, do IRI:
.
Em 7 de março, os Estados Unidos anunciaram a instalação de um sistema antimísseis na Coreia do Sul, um dia após a Coreia do Norte realizar uma série de testes com mísseis balísticos. A justificativa foi que o sistema visa a aumentar a segurança da Coreia do Sul frente à vizinha do norte. Entretanto, o professor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, Rafael Villa, afirma não ver necessidade do sistema, a não ser para configurar o que lhe parece como uma corrida armamentista contra China e Rússia.
Em comunicado, o Comando do Pacífico afirmou que “os testes de aceleração do programa norte-coreano de armas nucleares e de lançamento de mísseis balísticos constituem uma ameaça à paz e a segurança internacionais e violam várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”. Contudo, Villa destaca que, apesar de possuir armas de destruição, o objetivo da Coreia do Norte é o de utilizá-las mais como barganha do que para ameaçar o país do Sul.
.
.
O sistema, batizado de Terminal de Defesa Aérea para Grandes Altitudes (THAAD, na sigla em inglês), é capaz de interceptar mísseis de curto e médio-alcance na fase terminal de seu voo. Utiliza uma tecnologia conhecida como Hit to kill, que destrói o projétil inimigo com impacto. Toda vez que o inimigo lança um míssil, o radar do THAAD identifica e aciona o lançamento de um míssil interceptador. O interceptador destrói o projétil antes que este atinja o chão.
Na realidade, a instalação do THAAD pode causar o que nas relações internacionais é chamado de Dilema de Segurança, que é quando a ação militar de um país causa insegurança nos outros países e os leva a se armarem também. Cria-se um ciclo de países se armando em nome da segurança, mas causando ainda mais insegurança.
“Certamente, se os Estados Unidos continuarem adiante com esse plano, nós podemos esperar uma reação por parte de países como a Coréia do Norte, China e Rússia, que tentarão se equilibrar e aí, evidentemente, isso poderia levar a uma nova corrida armamentista na região, tendo como consequência essa deflagração do dilema de segurança”, afirma o professor.