Rádio USP muda programação e amplia espaço para jornalismo e música brasileira

Implementadas no início deste ano, alterações na grade da emissora fortalecem o objetivo de difundir o conhecimento gerado na Universidade e de preservar a cultura nacional

 06/06/2016 - Publicado há 8 anos
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Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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Desde sua criação, em 1977, a Rádio USP FM (93,7 MHz) se destaca no cenário radiofônico por sua programação jornalística e musical, que busca repercutir o que acontece e o que é criado na Universidade, além de dar espaço para conteúdos dificilmente encontrados nas demais emissoras, em especial a música brasileira.

Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Alexandre Gomes de Lima – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A partir do início deste ano, essa programação sofreu alterações, com o objetivo de intensificar essas características. As mudanças começaram a ser discutidas no final do ano passado. O programador Alexandre Lima, responsável pela programação musical da Rádio USP, conta que “toda a equipe da rádio se reuniu em dezembro para discutir o que tinha em mente para a nova programação. Na parte musical, o projeto era intensificar cada vez mais o caráter de música brasileira que já tínhamos”. De acordo com Mary Mitiko, que trabalha com Alexandre, “o objetivo era trazer ainda mais conhecimentos para a programação da rádio, trazer professores para falar mais e periodicamente, inserir poesia, por exemplo.”

Partindo dessas sugestões, os programadores se debruçaram sobre o material que tinham para reformular o conteúdo de acordo com a nova linha editorial. “A rádio trabalhava com o conteúdo não setorizado. Então nossa playlist de mais de 6 mil títulos tinha uma única classificação: música brasileira”, conta Lima. “Com a definição de que passaria a haver uma setorização na programação, a Mitiko foi buscar no banco de dados da rádio coisas novas e que fossem interessantes, e eu tive que ouvir toda a playlist para categorizá-la de acordo com as novas faixas de conteúdo.”

Mary Mitiko Miyazato - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Mary Mitiko Miyazato – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Desse árduo trabalho surgiu a nova cara da programação musical da Rádio USP. “Temos, das 7h30 às 8 horas, o programa “Memória Musical”, que é dedicado exclusivamente à música brasileira anterior à chamada MPB”, explica o programador. “Essa definição se aplica à produção nacional posterior à década de 1960, com a bossa nova. Mas o que era tocado no início do século também é música brasileira. Então achamos interessante dar um destaque especial para esse período das décadas de 1930 e 1940.” Apesar da insegurança quanto à recepção do público a um conteúdo tão incomum, Alexandre Lima diz que os comentários têm sido positivos. “Os ouvintes dizem que as canções trazem memórias, e a música tem mesmo esse poder de nos transportar no tempo.”

Das 11 horas ao meio-dia, o programa “Manhã na USP” dá ênfase à nova MPB, trazendo novos artistas do estilo e também artistas já com bagagem e longa carreira, mas que não têm espaço na grande mídia. Nesse programa, é possível ouvir inclusive os trabalhos de professores da Universidade.

Além dos novos programas, o material que é tocado ao longo do dia no “Som da USP” também traz novidades, como conta Lima. “Agora temos mais espaço para música instrumental, que é mais propícia a experimentações e ousadia por não ter uma preocupação comercial. Continuamos trazendo os grandes nomes da MPB, claro, Caetano, Chico, Bethânia, Gal, mas agora damos mais ênfase ao ‘lado B’ desses artistas, coisas que o público não conhece tanto, músicas além dos seus grandes sucessos.”

Por dentro da música

Silvana Pires - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Silvana Pires – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Mais uma inovação da programação é o quadro “Por Dentro da Música”, que entra no ar algumas vezes no decorrer do dia trazendo detalhes sobre determinada música ou artista. “É um espaço para um professor, um pesquisador ou até alguém envolvido na produção da música falar. O ouvinte é apresentado à história por trás do que está escutando, o processo de composição, o período e o contexto em que aconteceu”, explica Lima.

Com a linha editorial priorizando a música brasileira, as produções independentes da rádio tiveram que se readequar. A responsável pela programação geral da Rádio USP, Silvana Pires, explica que “a rádio cedia um espaço de sua programação para que produtores de fora trouxessem seu conteúdo, sem nenhum vínculo empregatício. Alguns deles não tinham a ver com a música brasileira e tiveram que se adaptar às mudanças; os que não puderam fazê-lo, preferiram sair, e o espaço foi preenchido pela programação de MPB da rádio.”

O objetivo de tudo isso, de acordo com Lima, é “ampliar os horizontes do ouvinte, apresentar coisas novas, tanto no sentido de estarem surgindo agora quanto no de serem diferentes, coisas que não se costuma ouvir no rádio, mas que a Rádio USP oferece”. Agora, diz ele, “o próximo passo é fortalecer a nova estruturação, consolidando e enriquecendo as novidades”.

Nova grade de programação da Rádio USP no portal do Jornal da USP
Nova grade de programação da Rádio USP no portal do Jornal da USP – Foto: Reprodução

Há ainda novos programas além da área musical, como o programa de debates “Diálogos na USP”, que vai ao ar às sextas-feiras, das 11 horas ao meio-dia, um programa sobre cinema brasileiro apresentado por um americano, às quintas-feiras, das 18 às 19 horas, e um programa diário sobre mitologia, que é apresentado às 18 horas, horário em que outras emissoras costumam se dedicar à programação religiosa. “Por isso nós introduzimos a mitologia, para diversificar”, explica Silvana. No decorrer da programação, podem ser ouvidos também boletins de poesia e boletins sobre o centenário do samba, estes últimos por Moisés da Rocha, apresentador do tradicional programa “O Samba Pede Passagem”.

As mudanças na Rádio USP ampliaram também a capacidade do veículo de ser um grande canal de divulgação para que os professores da Universidade possam mostrar sua pesquisa e emitir suas opiniões. Para isso, foram criadas as colunas diárias, como explica Silvana. “São 20 colunas semanais, quatro por dia, no período da manhã, e que são reprisadas à tarde. Os professores colunistas falam sobre política, cultura, atualidades etc. E, caso precisemos repercutir algum fato com urgência, eles também podem entrar ao longo da programação, além das colunas, para se pronunciar a respeito.” A programação jornalística, com isso, também mudou na emissora. “Tínhamos dois jornais diários, mas agora a produção jornalística passou a ser feita no decorrer do dia. Seu volume agora é maior.”


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