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O Saúde sem Complicações desta semana entrevista o professor Fernando Bellissimo Rodrigues, do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e membro da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP).
Ele fala sobre infecção hospitalar que é qualquer processo infeccioso que um paciente adquire durante ou depois da internação e que está relacionado aos procedimentos realizados no hospital. “Nenhum hospital pode dizer que eliminou esse problema, porque permeia todas as instituições de saúde”, conta.
De acordo com ele, o termo infecção hospitalar está sendo trocado por um mais amplo que é o infecção relacionada à assistência à saúde. “São relacionadas à saúde, mas não propriamente infecções hospitalares”, explica.
Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que cerca de 16 milhões de pessoas morram no mundo em decorrência desse problema anualmente. Esse número é maior do que o de outras doenças infecciosas como AIDS, tuberculose e malária. O professor lembra que “não existe uma estimativa precisa porque se uma pessoa tem câncer, adquire a infecção hospitalar e morre, a morte é computada como câncer e não infecção hospitalar”.
Não existe causa definida para esse acontecimento, por ser multifatorial. Entretanto, há fatores de risco como: relacionados ao paciente, ou seja, pacientes suscetíveis possuem maior risco do que pessoas plenamente saudáveis; relacionados ao serviço que estão ligadas na relação entre o profissional e o paciente; e a atuação dos profissionais que deve ocorrer com o mínimo risco em cada procedimento.
Ele destaca como exemplo desse fator os extremos de idade, “não podemos dizer que recém-nascidos ou aqueles com 80 ou 90 anos de idade têm o mesmo risco de infecção hospitalar que um adulto ou jovem saudável”, afirma. Outro caso são pessoas com estado imunológico deprimido pela AIDS, Diabetes mellitus, câncer e quimioterapia.
Outro fator é o tempo de internação. O professor explica que o risco é cumulativo, principalmente quando há procedimentos invasivos, como sonda urinária, cateter venoso e ventilação mecânica. “A gravidade deste problema é variável. Pode acontecer desde infecção urinária resolvida em poucos dias de antibiótico e até sepse que deixa o paciente na Unidade de Terapia Intensiva que pode levar a morte”.
A higienização das mãos pelos profissionais da saúde é considerada a medida mais efetiva, simples e segura de prevenir qualquer infecção hospitalar. “Por mais que a técnica e a ciência tenha avançado, não se descobriu nada que seja tão efetivo quanto a higiene das mãos para a prevenção”, conta.
Para uma descontaminação adequada é preferível uso da solução alcoólica, explica o professor, à lavagem das mãos com água e sabão do ponto de visto microbiológico. Entre os motivos estão: menor danos a pele das mãos e consumo menor tempo. Outras recomendações, segundo o professor, é não usar indiscriminadamente antibióticos e diminuir o tempo para os procedimentos invasivos.
O Ministério da Saúde determina que no Brasil seja obrigatório uma Comissão formalmente constituída para analisar e prevenir problemas relacionados a essa temática. “É obrigatório no Brasil, mas nem todas instituições de saúde têm comissões efetivamente atuando para a prevenção desse problema”, revela.
Por Giovanna Grepi