Conferência discute o presente e o futuro das Universidades

Modelos de governança, avaliação e os desafios das Universidades para os próximos dez anos foram os temas dos debates da Conferência USP 2024, promovida no dia 8 de março.

 11/03/2016 - Publicado há 8 anos
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A conferência reuniu reitores de cinco universidades de origens alemã, argentina, japonesa e francesa

Modelos de governança, avaliação institucional e os desafios das Universidades para os próximos dez anos foram os temas dos debates da Conferência USP 2024, promovida no dia 8 de março, no Auditório da Biblioteca Brasiliana, na Cidade Universitária, em São Paulo.

O evento contou com a participação de dirigentes, professores e servidores da Universidade e de outras Instituições, que lotaram a cerimônia.

Organizada pela USP e pelo jornal O Estado de S. Paulo, tendo à frente o reitor Marco Antonio Zago; os ex-reitores José Goldemberg e Jacques Marcovitch; o presidente da Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (Aucani), Raul Machado Neto; e o diretor do Grupo Estado, Ricardo Gandour, a conferência teve como convidados cinco reitores de importantes universidades parceiras: Humboldt Universität zu Berlin, Université Sorbonne Paris Cité, University of Tsukuba, Université Jean Moulin Lyon 3 e Universidad de Buenos Aires.

A cerimônia teve início com a apresentação musical da Orquestra de Câmara Ensemble Nova, da Université de Lyon, regida pelo pianista Vincent Balse.

Em seguida, o reitor da USP, Marco Antonio Zago, fez seu pronunciamento de abertura enfatizando a missão das Universidades, principalmente nos países em desenvolvimento, onde “representam as forças de liderança para as mudanças sociais e econômicas”. “Por séculos, o ensino e a pesquisa têm sido os dois principais pilares da vida universitária. Essas missões são altamente valiosas através de diferentes culturas e países e, assim, as Universidades são instituições que transcendem as fronteiras. Universidades de relevância são intrinsecamente internacionais”, considerou.

O ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe González Márquez, novo titular da Cátedra José Bonifácio e convidado especial da conferência, fez uma breve saudação aos presentes. “Nossa sociedade, no século 21, é a sociedade do conhecimento, da informação. Isso significa que a variável estratégica mais importante para se ter êxito neste século, para se inserir no que chamamos de globalização, depende disso que dispomos por cima dos ombros, a variável estratégica depende do bom funcionamento da cabeça, do conhecimento. E estamos no templo da sabedoria, que é a Universidade”, ressaltou.

A Cátedra José Bonifácio é uma iniciativa do Centro Ibero-Americano (Ciba), núcleo ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa e ao Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP.

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(Da esq.p/dir.) Os reitores da USP José Goldemberg, Marco Antonio Zago e Jacques Marcovitch

O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e reitor da USP no período de 1986 a 1990, José Goldemberg, destacou a importância do evento, que marcou o encerramento das comemorações dos 80 anos da Universidade. “Não devemos olhar apenas para o passado, mas devemos olhar para o futuro. Esta é uma grande ocasião para conhecermos o que as outras Universidades fazem de melhor e no que contribuem para o desenvolvimento de seus respectivos países”, assinalou.

O reitor da USP no período de 1997 a 2001, Jacques Marcovitch, elencou os principais desafios das Universidades para os próximos anos. “A academia está em permanente revolução. Líderes universitários, em nível global, são confrontados com transformações jamais vistas na longa história do ensino e da pesquisa. A demanda pelo engajamento social na educação superior, a revolução digital, o aumento da expectativa da vida e o aumento dos custos da investigação científica são fatores que impactam na geração do conhecimento, nos sistemas de governança e na estrutura institucional das Universidades”, afirmou.

Sucesso institucional

Ao dar início às apresentações dos reitores, o presidente da Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (Aucani), Raul Machado Neto, falou sobre as características comuns entre as Instituições convidadas e a USP, dentre elas, o fato de todas serem instituições públicas, terem dimensão e abrangência similares, além de terem produzido, cada uma delas, em torno de 600 a 800 trabalhos em coautoria com pesquisadores da USP nos últimos cinco anos.

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O reitor da Humboldt Universität zu Berlin, Jan-Hendrik Olbertz, apontou três critérios para o sucesso da estratégia institucional das Universidades

O reitor da Humboldt Universität zu Berlin, Jan-Hendrik Olbertz, foi o primeiro a fazer sua explanação e apontou três critérios para o sucesso da estratégia institucional das Universidades, que também foram abordados pelos outros reitores convidados. São eles: excelência, competição e internacionalização.  “Os desafios que temos na Alemanha são semelhantes a de todas as universidades modernas e isso é resultado da globalização”, disse.

O reitor da University of Tsukuba, Kyosuke Nagata, acrescentou mais dois itens a essa lista – a interdisciplinaridade das pesquisas e a colaboração entre a Universidade, setor produtivo e poder público. “Temos de colaborar com a indústria; eles são os profissionais em transformar a ciência básica em algo útil para a sociedade”, apontou.

A vice-reitora da Universidad de Buenos Aires, Nelida Cervone, destacou as mudanças nas metodologias de ensino decorrentes das novas tecnologias de informação e de comunicação e as iniciativas da instituição argentina nessa área. Dentre elas, o programa UBA XXI, projeto de ensino a distância que atendeu, em 2015, mais de 125 mil estudantes.

Para o reitor da Université Sorbonne Paris Cité, Jean-Yves Mérindol, “a globalização demanda problemas complexos que devem ser resolvidos de forma interdisciplinar”. Mérindol também ressaltou a necessidade de aprimorar as ferramentas de avaliação para o ensino e a pesquisa. Atualmente, a avaliação do sistema francês de ensino superior é realizada pelo Conselho Superior para Avaliação da Pesquisa e do Ensino [Haut Conseil de l’évaluation de la recherche et de l’enseignement supérieur – HCERES] a cada cinco anos. O Conselho é órgão administrativo independente, cujo presidente é eleito entre seus pares e nomeado por decreto do presidente da República.

Sobre o processo de seleção de alunos na França, o reitor da Université Jean Moulin Lyon 3, Jacques Comby, explicou que “na França, a principal questão não é tanto a seleção de alunos, mas de orientação, especialmente dos alunos que tiveram um alto desempenho nos colégios. Falta dedicação dos professores a orientar esses estudantes”.

No dia seguinte à conferência, o grupo de reitores foi recebido por dirigentes do jornal O Estado de S. Paulo e concedeu entrevistas à TV Estadão. No dia 10, foi a vez da visita à Faculdade de Medicina (FM), ao Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor) e ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

(Fotos: Ernani Coimbra)


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