A tradição livresca de São Luís do Maranhão

Recém-chegada da capital nordestina, Marisa Midori fala da relação da cidade com os livros, desde a biblioteca criada pelo Padre Antônio Vieira até os dias atuais

 Publicado: 19/07/2024     Atualizado: 22/07/2024 as 12:24

Recém-chegada de São Luís do Maranhão, a professora Marisa Midori fala em sua coluna desta semana justamente da relação entre a capital maranhense e os livros, uma relação que remonta há séculos, desde os tempos do padre Antônio Vieira, “De todos os lugares que visitei em São Luís, o que mais me chamou a atenção foi o Colégio dos Jesuítas”, revela a colunista. “Hoje o colégio é um museu de arte sacra, mas ele tem uma história densa, importantíssima. O padre Antônio Vieira atuou nesse colégio e contribuiu para a formação de uma biblioteca riquíssima”, conta a professora. “Estima-se que havia lá uma ‘livraria’ — como chamavam as bibliotecas na época — dotada de pelo menos 5 mil livros. Em uma carta, o padre Antônio Vieira diz o seguinte: ‘livraria, temos muito boa’. Em consideração ao apreço que Vieirt tinha pelos livros, podemos concluir que ali realmente havia uma importante biblioteca do Brasil colonial”, atesta Marisa Midori.

Mas as descobertas bibliófilas da colunista não se ativeram às histórias do período colonial. Ela descobriu pesquisas sobre a história do livro em São Luís. Um deles, chama-se Vende-se impressos a preços cômodos na cidade do Maranhão. “Este livro foi organizado por três historiadores — Marccio Cheche Galves, Romário Sampaio Basílio e Lucas Gomes Carvalho Pinto — e é um trabalho interessantíssimo. Eles não abordam a questão das bibliotecas conventuais. Eles fizeram um livro voltado para o século 19”, afirma a colunista. “O próprio título do livro é um anúncio que se encontrava em jornais da época que eles abordam, no período entre 1821 e 1834, no calor dos acontecimentos da Independência””, diz ela. “A partir daí, os autores discutem o reformismo ilustrado português, o mercado de livros em São Luís e o primeiro jornal publicado no Maranhão. Temos nesse livro um retrato muito denso do que era a cultura letrada e a cultura impressa no Maranhão na época da independência do Brasil”, conclui a professora Marisa Midori.


Bibliomania
A coluna Bibliomania, com a professora Marisa Midori, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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