Com a entrada do segundo semestre, o clube de leitura Literatura e Diversidade da Faculdade de Educação (FE) da USP está de volta. O programa de extensão e pesquisa da FE, criado em 2020, chega em seu quinto ano de atividades, com encontros mensais para compartilhar estudos e análises de obras literárias de autoria e temática LGBTQIAPN+. O objetivo do projeto é sensibilizar futuros professores, e aqueles já em exercício, para questões relativas à diversidade de identidade de gênero e orientação sexual.
Os encontros acontecem na última terça-feira de cada mês, das 17h30 às 19 horas, remotamente. As inscrições estão abertas e são feitas por meio de um formulário. As reuniões do semestre já tiveram suas datas estipuladas: 27/08, 24/09, 29/10 e 26/11. As inscrições permanecem abertas durante todo o projeto. A recomendação é realizar a inscrição até o último dia de cada mês para receber o texto do livro do mês seguinte. Aos participantes, será concedido um certificado de 5 horas complementares por encontro.
Para ter sua inscrição validada, o formulário exige o aceite de um termo de consentimento de colaboração com o projeto de pesquisa Clube de Leitura Literária como estratégia de formação de professoras(es) para a promoção da diversidade de gênero na educação básica, da qual o clube faz parte. A responsável pela pesquisa é Iracema Santos do Nascimento, professora da FE e coordenadora do clube de leitura.
No primeiro semestre de 2024, Cartas para Ninguém; Poco Hombre; Tash & Tolstói; e Um chamado telepático de socorro, foram as obras estudadas. Para o segundo semestre, o conjunto de livros escolhidos já foi divulgado. São eles:
- Quinze Dias (2017) – de Vitor Martins
Quinze dias é o primeiro livro do autor Vitor Martins. O livro conta a história de Felipe, um garoto que no início de suas férias descobre que seu vizinho Caio ficará hospedado em sua casa durante quinze dias, enquanto seus pais estão em viagem. A notícia deixa o protagonista em desespero, visto que Caio foi sua primeira paixão da infância, e até então não faz ideia de como interagir com o vizinho.
A primeira versão do livro foi publicada em junho de 2017. O livro foi relançado em outubro de 2022 como uma edição especial com conteúdo extra, contendo 80 páginas a mais que a versão original.
- Boys Run the Riot (2021) – de Keito Gaku
Boys Run the Riot é uma série de mangás de quatro volumes. O autor, Keito Gaku, é um homem transgênero. Gaku sempre gostou de desenhar, e se tornou referência trans nos mangás.
O mangá em questão é sobre Ryo, um adolescente transgênero que encontra na moda de rua uma fuga das expectativas e ansiedades de sua vida cotidiana. Ainda no ensino médio, Ryo sabe que é trans mas não tem ninguém que possa confiar para falar sobre suas confusões. Não pode contar ao seu melhor amigo, por quem tem uma paixão secreta, e nem a sua mãe, que insiste em perguntar por que ele “se veste como um menino”. Jin, que antes aparentava ser só mais um valentão, pode acabar sendo alguém com quem Ryo pode finalmente se abrir.
- Bate um Coração, de I Acevedo
Homem trans, o escritor argentino e professor de literatura, I Acevedo traz em Bate um coração (Late un corazón, na versão em espanhol) seu terceiro livro de contos.
O que se destaca na obra é a base autobiográfica, que apoia o autor na busca pela sua identidade. Logo no início, um relato do autor sobre o momento em que deixou de se identificar como uma mulher.
A versão original do livro foi publicada em 2020 em espanhol, pela editora Rosa Iceberg. Sua versão em português, traduzida por Paloma Vidal, chegou no início de 2023 pela Edições Jabuticaba.
- A Princesa e a Costureira, de Janaína Leslão
Publicado em 2015 pela editora Metanóia, o livro infantil A Princesa e a Costureira, de autoria de Janaína Leslão e com a ilustração de Júnior Caramez, conta a história da princesa Cíntia.
Desde que nasceu, Cíntia estava prometida em casamento a Febo, príncipe do reino vizinho. Mas foi quando a princesa chegou para encomendar seu vestido de noiva, que conheceu a costureira Isthar, por quem se apaixonou. Quando contou aos seus pais sobre seus sentimentos, Cíntia foi presa na torre do castelo por seu próprio pai. Para garantir o final feliz, o casal receberá ajuda da irmã da princesa, do príncipe Febo, da Fada Madrinha e de uma Agulha Mágica.
Leitura para a Diversidade
Em sua pesquisa, a coordenadora da iniciativa analisa e divulga comentários gravados durante as sessões do Clube de Leitura, mantendo as identidades em sigilo, com o objetivo de produzir reflexões teóricas sobre as potencialidades e especificidades da metodologia de clubes de leitura para a formação de professores. A ideia é colaborar para a constituição de suas subjetividades, no trabalho de enfrentamento a discriminações e na promoção da diversidade de gênero em escolas.
As sessões do clube, e qualquer atividade extra, acontecem remotamente e são orientadas pela coordenadora Iracema e pelo professor Alex Criado, doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. OS responsáveis, em conjunto com o restante da equipe do clube, escolhem semestralmente os novos livros que serão estudados, buscando incluir autores e temas de cada condição da sigla LGBTQUIAPN+, e também procurando variar os gêneros literários, de modo a compor um repertório amplo e diversificado para os leitores.
Saiba mais: @clubeliteraturaediversidade
