Recuperação do mercado imobiliário só deve ocorrer em 2018

A previsão é do professor Edgard Monforte Merlo, baseado em sua análise das especificidades do setor

 07/04/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 10/04/2017 as 9:01
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O governo federal anunciou recentemente novas regras para o Programa Minha Casa Minha Vida, cujos critérios passam agora a contemplar municípios com populações inferiores a 50 mil habitantes. Por outro lado, entidades como o Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de S. Paulo seguem cautelosas quanto à melhora dos negócios este ano.

O fato é que a saúde do mercado imobiliário brasileiro foi seriamente abalada pela crise econômica e não deve se recuperar tão facilmente. De acordo com o professor Edgard Monforte Merlo (FEA-RP/USP), o setor possui algumas especificidades que precisam ser levadas em conta na hora de uma análise mais abrangente. Afinal, para aquisição de um imóvel é necessário um certo montante, o que leva o interessado a recorrer a um financiamento, condição que implica ter de arcar durante muitos anos com essa dívida. Em tempos de crise, como a que vivemos agora, a tendência é de que o consumidor se torne mais cauteloso e pense duas vezes antes de se comprometer.

Programa Minha Casa Minha Vida – Foto: Alexandre Carvalho/A2img via Fotos Públicas/CC

Com isso, setores como o do mercado imobiliário demoram mais para reagir a esse tipo de situação. Normalmente, quando a economia retoma os rumos do crescimento, os primeiros a sentir os ventos favoráveis  são setores como os de bens de consumo leve e duráveis. Só depois que a estabilização já se consolidou, inclusive com a retomada do emprego, é que o mercado imobiliário começa a ser ativado. Ou seja, ele é um dos últimos a serem beneficiados com a recolocação da economia nos trilhos do desenvolvimento.

“É um setor muito importante para a economia, gera muitos empregos, mas é um setor que vem de dois anos muito ruins, com muita devolução de imóveis”, explica o professor Monforte. “Então, existe um estoque, que só deve começar a ser reduzido a partir do segundo semestre.” Isso, é claro se a economia continuar na “pegada” do crescimento, razão pela qual os analistas de mercado trabalham com a possibilidade de que o setor imobiliário volte a receber novos investimentos apenas em 2018.


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