O tracoma é uma doença infecciosa crônica da conjuntiva, que tem como causa o microrganismo Chlamydia trachomatis e que acompanha a humanidade desde a Antiguidade, produzindo cegueira e evidenciando a desigualdade ao induzir incapacidade ainda na juventude por estar associada à insalubridade e ser tratável em condições adequadas. A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 2 milhões de deficientes visuais e quase 500 mil cegos tenham o tracoma como causa. A doença chegou a ser uma preocupação de saúde pública com as imigrações europeias do final do século 19 e início do século 20.
Segundo Eduardo Rocha, trata-se de uma doença que se manifesta com conjuntivite crônica ou recorrente em situações de vulnerabilidade por conta de condições como higiene precária, alimentação limitada e aglomeração de pessoas. “A infecção é a fase inicial, tratável e curável com antibiótico. Mas a doença pode se agravar ou recorrer se faltar água limpa e condições de higiene e, nas fases crônicas, causar fibrose das pálpebras, levando ao atrito dos cílios com a córnea, fase chamada de triquíase, e daí levar à fase final da doença, não curada, que produz a cegueira ou a deficiência visual pela opacidade permanente da córnea.” O colunista afirma que o tracoma é uma causa endêmica de cegueira, a mais frequente de todas as causas de cegueira causadas por uma infecção.
“Melhorar as condições de saneamento, com água limpa e esgoto tratado, são as bases para conter e erradicar o tracoma nas regiões onde ele ainda persiste. Dar antibiótico e evitar que voltem a se infectar, melhorando as condições de saúde das crianças, é o objetivo frente aos casos manifestos.” Ainda de acordo com o colunista, a OMS (Organização Mundial da Saúde) inclui cirurgia para reverter a triquíase, que faz os cílios machucarem a córnea, antibiótico, limpeza facial e melhora das condições do ambiente para impedir a transmissão da doença. “Com essas medidas aparentemente simples, resumidas no acrônimo safe (de “seguro”, em inglês), espera-se reduzir a cegueira causada pelo tracoma, superando as barreiras sociais, econômicas e culturais entre o tratamento e as populações acometidas”, assevera Rocha.
Fique de Olho
A coluna Fique de Olho, com o professor Eduardo Rocha, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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