Celebração do dia mundial para a doação de sangue é importante para a conscientização

César de Almeida Neto afirma que cada doação pode salvar até quatro vidas e mais doadores poderiam resolver problema de estoque no Brasil

 13/06/2024 - Publicado há 1 mês
Com o estoque abaixo do necessário na maioria das vezes, é importante haver uma conscientização a respeito da importância da doação de sangue – Foto: Ciete Silvério/Governo do Estado de SP
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No dia 14 de junho é comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue. A data especial, que completa 20 anos, é importante para celebrar a generosidade e solidariedade das pessoas que doam — e salvam, todos os anos, milhões de vidas com isso —, além de conscientizar as pessoas que não doam. De acordo com o professor César de Almeida Neto, hematologista e hemoterapeuta, chefe do Departamento de Aféreses da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo e orientador da Disciplina de Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da USP, a data é estratégica, já que acontece no mês anterior às férias. “Nos ajuda a manter os estoques mais estáveis para enfrentar o próximo mês, que naturalmente já tem uma certa baixa no número de doadores”, afirma.

A data ainda comemora o aniversário de Karl Landsteiner, biólogo, médico e imunologista austríaco que recebeu o Prêmio Nobel por sua descoberta do grupo sanguíneo ABO. O especialista explica que isso possibilitou a transfusão sanguínea entre os tipos sem complicações ou problemas, como ocorria antes em transfusões envolvendo tipos sanguíneos incompatíveis.

Importância da doação

César de Almeida Neto – Foto: ResearchGate

O docente afirma que muitas pessoas necessitam de transfusões diárias, podendo comprometer os seus tratamentos caso elas não tenham esse aporte. “Se você pode ser doador, eu pergunto ‘por que não sê-lo?’. Há um uso crônico de sangue, se a bolsa não estiver pronta para ser usada na hora que o paciente precisar, o tratamento dele pode ser comprometido e às vezes até a própria vida”, questiona.

Apesar disso, alguns desafios podem dificultar esse processo: “A dengue, por exemplo, é o nosso desafio atual, aumenta a demanda de transfusões, principalmente de plaquetas, porque o vírus tanto atua na medula, abaixando a produção de plaquetas, que são fragmentos celulares que trabalham para coagulação sanguínea, assim como também destrói as plaquetas”. Juntamente a isso, algumas pessoas deixam de ir doar em períodos como esse, por questões de saúde, o que prejudica o estoque e desequilibra a balança de oferta e demanda sanguínea.

Almeida Neto ainda explica que, com o estoque abaixo do necessário na maioria das vezes, é importante haver uma conscientização a respeito da importância da doação de sangue. “Se cada brasileiro doasse sangue duas vezes ao ano, eu te garanto que a gente não teria nenhuma necessidade de fazer campanhas. A Organização Mundial da Saúde estabelece que, para um país ter o mínimo de doadores, seria em torno de 4% da população no ano, no Brasil não chega a 2%. Para a gente se desenvolver como país, como comunidade, temos que criar esse elo forte, e a doação de sangue pode criar esse elo entre o doador e o paciente. Ter o sangue estocado no banco de sangue é uma segurança para todo mundo”, complementa.

Como funciona

O processo, que pode ser agendado ou feito por livre demanda, dura em torno de 10 a 15 minutos. Contudo, há medidas prévias de segurança, que envolvem exames físicos, questionários e testes de triagem no sangue, para impedir a contaminação. Após a coleta, o sangue é processado em três a quatro componentes, salvando até quatro vidas por doação.

Podem ser doadoras pessoas entre 16 e 69 anos. Almeida Neto explica que é necessário levar um documento oficial com foto, com mais normas no site prosangue.sp.gov.br, com horários de refeições a serem respeitados, ou dias sem doar caso o doador tenha gripe, febre, entre outras doenças. “Uma coisa importante também é você ter uma boa condição de saúde, não ter nenhuma doença que possa ser transmissível pelo sangue”, finaliza.


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