Assunto: financiamento do jornalismo. Algo inédito está acontecendo nesse sentido por meio da Hunterbrook Media, uma iniciativa que Carlos Eduardo Lins da Silva considera original e interessante, embora um tanto problemática para os princípios tradicionais do jornalismo, protagonizada pela Hunterbrook, um fundo de hedge que se dedica a comprar e vender ações e que criou aquela subsidiária cujo objetivo é se dedicar integralmente ao jornalismo investigativo, principalmente nas áreas financeira e econômica. A empresa vai oferecer seu conteúdo de graça e não vai vender anúncios, “mas, antes de cada reportagem ser publicada, a Hunterbrook Media vai dar acesso a essa reportagem à Hunterbrook, que é o fundo de hedge; a Hunterbrook vai fazer os seus negócios com base naquelas informações que foram coletadas pelos jornalistas”. A ideia é de, com o dinheiro obtido, financiar uma Redação.
Seja como for, é uma iniciativa que foge aos padrões do jornalismo, na opinião do colunista, que, na sequência de seu comentário, faz uma análise da primeira matéria publicada, a qual trata de uma empresa que lida com hipotecas nos EUA e que teria rendido à Hunterbrook US$ 100 milhões, valor resultante dos negócios realizados a partir dessa reportagem, uma manobra que não escapuliu a algumas críticas. A empresa já está prometendo para muito breve uma grande matéria sobre um conglomerado de energia que estaria dando suporte a uma junta militar.
“Mas é evidente que se eles fizerem isso e isso tiver uma repercussão grande, for tudo comprovado, vai ser bom jornalismo”, observa o colunista. “O fato de eles antes passarem essas informações para os seus patrões, para que eles ganhem bastante dinheiro, é a questão que pode ser discutida, se isso é ético ou não é ético. Eles dizem que esse dinheiro vai servir para ampliar, para expandir as atividades da Hunterbrook Media e que, com isso, vão poder ter uma grande Redação e fazer mais e mais reportagens que beneficiarão o público e a sociedade.” Apesar de toda a sensação de desconforto que esse tipo de iniciativa possa causar, Lins da Silva acredita ser uma forma de financiar o jornalismo, “que está realmente acabando na maior parte do mundo”.
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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