Insetos podem ajudar no controle de pragas em plantações

A patente “Sistema, Método e Dispositivo de Liberação de Inimigos Naturais para Controle Biológico de Pragas” busca desenvolver uma forma mais sustentável de combate ao problema

 26/03/2024 - Publicado há 4 meses
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A importância, além da ambiental, está no fato de não interferir no equilíbrio do local – Foto: Wikimedia Commons

 

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Agrotóxicos e inseticidas são as principais soluções para pragas que afetam as plantações. Porém, eles não são saudáveis: a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 70 mil intoxicados por conta dos agrotóxicos vão a óbito. Pensando nisso, a patente Sistema, Método e Dispositivo de Liberação de Inimigos Naturais para Controle Biológico de Pragas busca desenvolver uma forma mais sustentável de combate ao problema.

“Hoje em dia a agricultura orgânica ganha muito peso, muita importância. Então, o controle biológico de pragas é uma forma mais natural, não é tão invasiva. A gente não usa produtos químicos e, com isso, a gente consegue manter um equilíbrio natural, mais sustentável, e também diminuir poluição do solo, poluição de rios“, conta Heitor de Freitas Vieira, doutor em Ciência da Computação pela USP São Carlos, que já trabalhou auxiliando o setor agrícola.

Vespas?

Sim, vespas! Essas são as responsáveis pelo literal controle biológico — que é a regulação do número de plantas e animais por inimigos naturais — apresentado nos testes da patente, porém, ele não acaba por aí. Todo o processo funciona por meio de um software, pertencente também à patente, que identifica onde e quando soltar as vespas da maneira mais eficaz, que estão armazenadas num Vant — Veículo Aéreo Não Tripulado.

“A gente precisa maximizar a área de cobertura com objetivo de diminuir o custo e aumentar a precisão da operação. Então, nesse processo, tem a parte do planejamento da aeronave: como ela vai percorrer a área em que precisam ser liberadas as vespas, também envolve um mecanismo que é acoplado na aeronave e ele que é responsável por, quando chegar nos locais predeterminados, fazer a liberação das vespas“, acrescenta Vieira.

A importância, além da ambiental, está no fato de não interferir no equilíbrio do local. “No caso específico do nosso trabalho, a gente utilizou uma espécie específica de vespa para poder predar uma praga da laranja. À medida que a praga vai sumindo, a população de vespa vai diminuindo também. Isso porque ela já não tem mais como se reproduzir. Então, é isso, a gente ataca o problema e também depois ele se resolve sozinho. Não tem nenhum efeito colateral“, comenta o pesquisador.

Sistema, Método e Dispositivo

A patente foi testada numa plantação de laranja, com vespas de uma espécie específica, contra uma praga também pontual. Porém, para utilizar essa tecnologia não é preciso ser apenas produtor de laranjas. “Tem que envolver uma área multidisciplinar, vários profissionais, entre eles o pessoal da agricultura. Um engenheiro agrônomo para poder determinar qual espécie de vespa ou, enfim, outro inseto que vai precisar ser liberado na área para poder fazer o controle biológico da praga“, explica Vieira.

Além disso, outro diferencial do projeto é a sua completude. Desde o planejamento da operação quanto a ação em si, do software ao mecanismo físico da aeronave, são os aspectos indicados pelo entrevistado, que ressalta a relevância da patente no mercado.

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo


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