Mayana Zatz comenta em entrevista corte de recursos da Fapesp

Para cientista, não há necessidade de segregar o orçamento da Fapesp para assegurar o apoio às boas pesquisas no Brasil

 06/03/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 07/03/2017 as 10:39

Ouça a entrevista com a bióloga molecular e geneticista Mayana Zatz:

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Prédio da Fapesp - Foto: Divulgação
Prédio da Fapesp – Foto: Divulgação

Repercutiu negativamente, na comunidade acadêmica, a notícia sobre a decisão adotada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo de retirar R$ 120 milhões do orçamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para redirecionar a verba à recuperação dos institutos de pesquisas estaduais. Representantes da comunidade científica alegam que a medida é inconstitucional, uma vez que viola o Artigo 271 da Constituição Estadual. Por lei, a Fapesp tem de receber no mínimo 1% da receita tributária do Estado.

Não é preciso sublinhar a importância de agências de fomento, como a Fapesp, para os pesquisadores. “Elas são absolutamente fundamentais, sem essas agências a gente não faz mais nada”, afirma a bióloga molecular e geneticista Mayana Zatz, professora do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

A verba destinada pela Fapesp para pesquisas é considerada essencial pelos pesquisadores, que enaltecem a forma como a entidade é gerenciada e sua preocupação em aprovar projetos que realmente revertam em benefícios para a sociedade, não importando se tenham origem em universidades ou em institutos de pesquisa. O que importa é a meritocracia.  “Quando a gente perde a fé nas instituições, você lembra que existe uma Fapesp e que as coisas podem funcionar muito bem”, observa Mayana.

De acordo com ela, é preciso garantir que as verbas já existentes não sejam cortadas, mas não só:  as agências e o próprio governo necessitam “enxergar ciência e tecnologia como um investimento extremamente importante para o desenvolvimento do País”. Em outros países, apenas para efeitos de comparação, chega-se a destinar até 3% do PIB (Produto Interno Bruto) para pesquisas em ciência e tecnologia.

Ela afirma: “Nós temos que lutar para que se dê mais dinheiro para pesquisa. E que haja incentivos fiscais para que a iniciativa privada também possa destinar dinheiro para essa finalidade”.


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