Criação de órgãos humanos em suínos é a nova aposta da ciência para evitar rejeição em transplantes

Pela primeira vez, cientistas cultivaram um rim humanizado dentro de outra espécie; ainda incipiente, pesquisa pode abrir caminhos para estudar o desenvolvimento de doenças

 05/10/2023 - Publicado há 7 meses
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Um grupo de pesquisadores chineses propôs uma nova estratégia para diminuir as chances de rejeição em transplantes. A pesquisa, publicada recentemente na revista Cell Stem Cell, mostrou que é possível criar órgãos humanos em suínos.

Os cientistas inseriram células-tronco humanas, que já estão predestinadas a formar o rim, em embriões de suínos. Depois, transferiram 1.820 embriões para 13 mães de aluguel. Após 25 ou 28 dias, os cientistas interromperam a gestação e extraíram os embriões para avaliar se as quimeras haviam produzido com sucesso os rins humanizados.

A diretora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP, Mayana Zatz, diz que, se compararmos com o xenotransplante (que é o transplante de órgãos suínos em humanos), a vantagem do método chinês dispensaria o uso de imunossupressores durante toda a vida. “Se forem usadas células do paciente para gerar, por exemplo, um rim humano em um suíno, teoricamente não haveria rejeição, porque seriam as células do próprio paciente. Mas, repito, teoricamente, porque não sabemos se a proximidade com outros órgãos de suíno não poderia promover alterações epigenéticas, isto é o silenciamento ou ativação de genes que não são comumente alterados em órgãos humanos.”

A desvantagem é que a possibilidade de se criar órgãos humanos em suínos e evitar rejeição teria que ser personalizada. “Seria necessário produzir um órgão específico para cada paciente e criar um porco para cada doador, o que acarretaria em um custo muitíssimo alto”, completa a geneticista. Mayana defende a criação de órgãos em laboratório, sem a necessidade de implantá-los em animais. “Seria uma estratégia muito mais promissora”, finaliza.


Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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