Semente de jabuticaba é poderosa aliada na prevenção da obesidade

Caroço da fruta é rico em elagitaninos, substâncias que possuem ação anti-inflamatória e são eficazes contra a obesidade

 07/02/2017 - Publicado há 7 anos
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Conclusões da pesquisa podem contribuir na luta contra o quadro epidêmico de obesidade vivenciado no Brasil nos últimos anos – Foto: José Hercilio Nery

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Além de ser deliciosa, a jabuticaba, fruta nativa da mata atlântica brasileira, tem demonstrado ser uma aliada das pessoas que sofrem com excesso de peso. Substâncias químicas – os compostos fenólicos do tipo elagitaninos – presentes principalmente nas sementes da jabuticaba possuem ação anti-inflamatória e auxiliam a prevenir a obesidade. Essa foi a conclusão de uma pesquisa feita no Laboratório de Compostos Bioativos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.

Atualmente, o Brasil, a exemplo de outros países, vivencia uma epidemia de obesidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência de casos no mundo duplicou entre 1980 e 2014. Neste período, o número de adultos com sobrepeso já ultrapassava a marca de 1,9 bilhão e o de crianças, menores de cinco anos, chegava a 42 milhões. Assim, estudos que contribuam para reverter esse quadro são sempre bem-vindos, afirma a nutricionista Gabriela Cunha, responsável pela pesquisa que deu origem a uma dissertação de mestrado na FCF.

Os compostos fenólicos (CFs) são substâncias encontradas em alimentos de origem vegetal e sempre estiveram relacionados ao benefício da saúde. Dentre as principais fontes de CFs estão os chás verde e preto, o cacau, o vinho e frutas como a jabuticaba. As propriedades mais conhecidas destes compostos são o seu grande potencial anti-inflamatório e a ação antioxidante.

Embora outros estudos já tenham comprovado a eficácia da jabuticaba para a saúde humana, o trabalho da nutricionista foi focado na semente da fruta, que demonstrou ter altas concentrações de compostos fenólicos do tipo elagitaninos. A partir deste ponto, Gabriela procurou avaliar a influência dessas substâncias na prevenção da síndrome metabólica: a obesidade associada à diabete tipo 2 e ao aumento do colesterol sanguíneo.
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Foto: VisualHunt
Desta vez, pesquisa mirou na semente da jabuticaba, fruta cuja polpa e casca já têm ação benéfica à saúde comprovada em outros estudos – Foto: VisualHunt

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Camundongos obesos

Para simular um quadro mais próximo da realidade de pessoas com excesso de peso e que sofrem com o comprometimento de sua saúde, Gabriela reproduziu, em laboratório, uma dieta semelhante à adotada pela população em geral. Durante oito semanas, a pesquisadora induziu 60 camundongos a consumir uma dieta com alto teor de gorduras saturadas e sacarose. Dois grupos tiveram a dieta complementada com compostos fenólicos totais da jabuticaba, porém um deles recebeu doses diárias de todos os CFs da fruta, enquanto o outro grupo recebeu quase todos estes CFs, exceto os elagitaninos da semente. Um grupo seguia dieta balanceada e o quarto, apenas dieta rica em gorduras e açúcares (sem os CFs).

Gabriela Cunha realizou o estudo no Laboratório de Compostos Bioativos da FCF  – Foto: Arquivo pessoal

Ao final deste período experimental, o grupo de animais que recebeu todos os compostos fenólicos da jabuticaba, ao mesmo tempo em que consumia gorduras e açúcares, manteve o quadro de saúde semelhante ao de animais magros, que consumiram dieta saudável durante o mesmo período. Já os animais que receberam os polifenois, sem os elagitaninos, associado ao consumo de gorduras e açúcares, tiveram a saúde tão comprometida quanto o quarto grupo. Na opinião da pesquisadora, o principal resultado de seu trabalho “foi a confirmação de que os elagitaninos têm papel crucial na prevenção da obesidade”.

 

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Pesquisa no laboratório
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A pesquisa Avaliação do efeito de extratos de compostos fenólicos da jabuticaba Sabará administrados a camundongos alimentados com dieta hiperlipídica com alto teor de sacarose foi coordenada pela professora Maria Inés Genovese, do Laboratório de Compostos Bioativos da FCF da USP, em parceria com o professor André Marette, da Universidade Laval, Québec City, Canadá, e teve o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Mais informações: e-mail gabrielacunha@usp.br, com Maria Gabriela da Cunha


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