Cultura ancestral dos orixás difunde métodos antirracistas com danças e músicas

Com temas envolvendo o sincretismo e intolerância religiosa e a organização da religião dos orixás no Brasil, curso será ministrado de 17 de agosto a 23 de novembro, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP

 02/08/2023 - Publicado há 12 meses
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Oficina No Caminho do Alabê realizada com crianças no Sesc Campo Limpo – Foto: Vitor Trindade

 

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A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP está oferecendo o curso de difusão No Caminho do Alabê, abordando os ritmos dos orixás com suas danças e manifestações musicais, incluindo sua influência na música brasileira. Com carga horária de 36 horas, o curso será realizado todas as quintas-feiras entre 17 de agosto e 23 de novembro, das 14 às 17 horas, no Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA) da FFLCH. Para participar da oficina, basta se inscrever pelo Sistema Apolo até 10 de agosto. Interessados em geral deverão pagar a taxa de inscrição no valor de R$ 200,00. Funcionários e docentes da FFLCH terão matrícula gratuita. No dia 11 de agosto, haverá um sorteio de cinco vagas para os alunos matriculados. 

O curso será ministrado por Vitor Israel Trindade de Souza, mestre em Etnomusicologia pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e  sua esposa Elis Sibere dos Santos Monte Trindade de Souza, especialista em dança pela Faculdade Paulista de Artes (FPA). Juntos, eles buscam dar continuidade à metodologia autodidata da Família Solano Trindade, uma das grandes referências na música e cultura afro-brasileira. Trindade define sua família como “pessoas que sempre lutaram pela democracia racial e o antirracismo, em termos de pesquisa e entendimento das vivências, danças e ritmos tradicionais afro-brasileiros”.

O curso conta com 12 aulas, desenvolvendo temas que vão desde a organização das religiões que cultuam os orixás no Brasil, até o sincretismo e a intolerância religiosa. “Nós vamos mostrar a vivência da ancestralidade e musicalidade que temos dentro do Candomblé, do maracatu, das tradições brasileiras e das lutas antirracistas”, afirma Trindade. “Nós já fomos parados pela polícia, barrados nos hotéis e parados no avião. Isso é a vivência que não pode ser colocada com uma ou duas palavras”, complementa ele, relembrando sua luta contra o preconceito ao cultuar religiões de matriz africana. A programação completa das aulas pode ser vista neste link.

Ensino e vivência da musicalidade ancestral dos orixás no Sesc Campo Limpo – Foto: Vitor Trindade

Vivência antirracista

Para Trindade, a universidade tem o dever de cumprir a Lei 10.639, que estimula o ensino da história e cultura africanas no currículo escolar. “Ela é a responsável pelo futuro do País, pois possibilita a criação de ferramentas que auxiliem as pessoas, em primeiro lugar, a se conhecerem racistas, e depois pensar em meios antirracistas”, afirma ele. 

Um dos caminhos possíveis para combater o racismo é a informação e o conhecimento. Trindade é autor de três livros em que discute referências de religiões de matriz africana. Em seu terceiro livro recém-lançado, intitulado O Ogan Alabê: Sacerdote e Músico, Trindade analisa a figura do Ogan Otum Alabê no Candomblé, sacerdote e músico de destaque nos rituais religiosos, e apresenta a riqueza do Povo de Santo e do universo dos orixás, destacando a importância dos toques do Candomblé para a música brasileira. O livro está disponível neste link

Serviço:

No Caminho do Alabê

Todas as quintas-feiras, de 17 de agosto a 23 de novembro, das 14 às 17 horas

Presencialmente no Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP

Mais informações: agenda@usp.br / Telefone: (11) 3091 4645

 

*Sob supervisão de Antonio Carlos Quinto


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