Turismo espacial, uma nova fronteira a ser explorada

Com o avanço da tecnologia, empresas privadas já oferecem viagens espaciais a turistas comuns; os preços, porém, chegam a mais de R$ 2 milhões

 28/07/2023 - Publicado há 11 meses     Atualizado: 02/08/2023 as 10:51
Por

Dennis Tito, primeiro turista espacial – Foto: Nasa/Domínio público via Wikipedia
Logo da Rádio USP

Quase todo mundo já sonhou em viajar para além dos limites da Terra e, com as recentes notícias sobre empresas oferecendo viagens espaciais, essa realidade pode não estar tão distante. A possibilidade de turistas comuns viajarem ao espaço surgiu a partir da corrida espacial e o desenvolvimento da tecnologia necessária para isso. “Até o ano 2000, esse sonho foi restrito a cerca de 600 astronautas profissionais que cruzaram a linha de 100 km de distância do planeta Terra”, diz Lúcia Silveira Santos, doutoranda em Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.

Um ano depois, em abril de 2001, o bilionário americano Dennis Tito pagou US$ 20 milhões para passar uma semana na Estação Espacial Internacional, tornando-se não apenas a primeira pessoa a gastar seu próprio dinheiro para ir ao espaço, mas também o primeiro astroturista do mundo. Desde então, avanços significativos na tecnologia espacial permitiram que empresas privadas começassem a oferecer viagens ao espaço para turistas comuns. Entre as que oferecem viagens espaciais orbitais e suborbitais estão a Space-X, fundada por Elon Musk, a Blue Origin, de Jeff Bezos, e a Virgin Galactic, de Richard Branson.  

No caminho das estrelas

Turismo espacial é um mercado em expansão. Apesar das dificuldades técnicas e preço elevados milhares de pessoas estão na fila de espera por sua viagem rumo às estrelas – Foto: SpaceX/Pexels

 

Em 2021, as três empresas fizeram viagens com civis entre seus tripulantes e levaram 18 pessoas para passear no espaço. “A parte incrível dessa aventura é poder flutuar em gravidade zero, ver a curvatura da Terra, presenciar um nascer ou pôr do sol do espaço, além de contemplar um céu estrelado sem interferências”, diz Lúcia. 

Os astroturistas, porém, têm de passar por treinamentos e exames antes da viagem, para garantir que estejam preparados para os efeitos da gravidade e quaisquer outras eventualidades. O tempo passado no espaço também é um problema: quanto maior o período, maior a exposição à radiação, à possibilidade de perda osteomuscular, aumento da estatura, aumento de inflamações e até mesmo alterações no sistema circulatório. Esses efeitos já são constatados em astronautas que passam longos períodos no espaço, mas não se sabe ao certo se aconteceria a mesma coisa em viagens de poucos minutos. 

O futuro do turismo

Ainda assim, há grande procura por esse tipo de viagem. A Virgin Galactic oferece passagens em torno de US$ 450 mil, mais de R$ 2 milhões, e mesmo assim a empresa afirma ter uma lista de espera de 2.500 clientes para seus apenas 90 minutos de experiência no espaço. “Essa é uma indústria emergente que está abrindo portas para um futuro em que o espaço não será mais exclusividade dos astronautas”, diz a doutoranda. É esperado que o turismo espacial cresça nos próximos anos, com a oferta de passagens mais baratas e aeronaves mais seguras, aumentando ainda mais o fluxo de astroturistas. 

*estagiária sob supervisão de Cinderela Caldeira


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.