Eles ainda não são tão populares como os tradicionais, mas aos poucos vão ocupando um espaço cada vez mais importante nas grandes cidades. Muito faladas depois do enterro de Pelé, o maior craque do futebol mundial, essas edificações contemplam diversos benefícios, entre eles a sustentabilidade do solo e a otimização de espaço.
O arquiteto Fábio Mariz Gonçalves, do Grupo de Disciplinas, Paisagem e Ambiente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, explica que esse modelo não é uma novidade, já que existem em outros Estados, fora São Paulo, assim como em outros países como Ásia, África e Europa.
Além de aproveitar os espaços cada vez menores das cidades, esse modelo de cemitério ajuda na sustentabilidade. O especialista diz que a contaminação de solo em cemitério é mito. A equipe de gestão desses locais na cidade de São Paulo já comprovou a eficácia através de testes químicos.
O Brasil não tem tradição de ocupar seus terrenos cemiteriais para lazer, por exemplo, como ocorre em outros países, como Inglaterra, Canadá e Estados Unidos. Esses espaços ainda são locais degradados, sujos e abandonados. A verticalização deveria ser uma alternativa de melhor ocupação e, consequentemente, refuncionalização dos atuais cemitérios brasileiros em diversas cidades, liberando os espaços verdes para parques e lazer, já que se trata de terrenos imensos, sem uma administração adequada.
Privatização
O arquiteto e urbanista da USP Nabil Bonduki falou da recente privatização dos cemitérios na cidade de São Paulo e como poderiam ser usados esses equipamentos. A melhor administração dos cemitérios nada ter a ver com privatização: “Em um país de desigualdades, o serviço funerário deve ser uma questão de saúde pública e não de geração de lucros”, diz Mariz.
A questão da falta de vagas em cemitério tem mais relação com a ausência de gestão do que outra coisa. É importante a verticalização, mas unindo a isso outras frentes, como cremação, exumação de corpos, para gerir novos locais de enterro.
O Brasil tem cerca de dez cemitérios verticais, sendo o maior deles na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, justamente onde está enterrado o rei do futebol, Pelé. Porém os atuais cemitérios horizontais devem permanecer por muito tempo por uma questão cultural.
Os cemitérios horizontais têm sua origem ligada ao protestantismo americano, já os verticais estão ligados à cultura oriental de otimização de espaço em função do alto índice populacional.
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