Dor de lado pode ser consequência de atividade física para lá de intensa

José Carlos Farah explica que a dor abdominal transitória surge naqueles casos em que o exercício físico é realizado com intensidade acima daquela que se consegue suportar

 04/04/2023 - Publicado há 1 ano

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Quem, em algum momento da vida, já não sentiu o que popularmente se costuma chamar dor de lado após a prática de uma atividade física muito intensa? Segundo o professor José Carlos Farah, essa dor, que se chama dor abdominal transitória, é causada pelo exercício realizado com intensidade acima daquela que se consegue suportar, ou seja, em excesso, podendo mesmo interromper a atividade que está sendo realizada. Essa dor geralmente acontece nas caminhadas e, principalmente, nas corridas, em que o impacto com os pés no solo pode aumentar a possibilidade de desencadeá-la.

“Há muitas teorias sobre a dor de lado”, explica Farah, citando alguns exemplos: “Tensão no ligamento que sustenta o fígado e o baço, fadiga do músculo do diafragma, falta de oxigenação adequada, entre outras, mas todas convergem para a dor, principalmente no baço, que, entre suas principais funções, é a de armazenamento de sangue, colocando-o de volta no corpo sempre que acontece uma solicitação por algum órgão vital. Quando praticamos qualquer atividade física, o sangue é desviado para a musculatura envolvida no exercício e o baço tenta repor o sangue nos órgãos vitais e, quando é insuficiente essa reposição, o aviso é a dor no baço. Também a falta de oxigenação é um fator importante que leva à dor, mas pela fadiga do exercício e não por estar respirando errado”.

Os especialistas dizem que a falta de condicionamento físico é que leva à fadiga em todo o sistema, e a dor é um aviso de que este está entrando em colapso. “Ou seja, a dor de lado está diretamente relacionada à fadiga. Quando se pratica a corrida de forma que se consiga um equilíbrio entre a capacidade de respirar e o ritmo da corrida, provavelmente não sentirá a dor. Se, ao contrário, não conseguirmos esse equilíbrio, entramos em fadiga e, como já falamos, desencadeará a dor.”

Segundo Farah, o importante é evitar a dor, iniciando a prática mais devagar. “Mas, quando dói e fica impossível dar continuidade na corrida ou caminhada, diminua a intensidade ou até pare a atividade e procure inspirar e expirar profundamente e pausadamente. Após alguns minutos, ela passa e talvez possamos dar continuidade à atividade. A dor de lado acontece mais em pessoas sedentárias e em pessoas sem condicionamento físico suficiente para uma intensidade alta. À medida que nos condicionamos, ficamos mais resistentes à fadiga e a dor fica menos frequente e some”, conclui o colunista.


Corpo e Movimento
A coluna Corpo e Movimento, com o professor José Carlos Farah, vai ao ar quinzenalmente terça-feira às 8h30, na Rádio  USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP. 

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