Olhos que veem, mas não são vistos

Novas descobertas sobre olhos de espécies animais indicam caminhos da evolução na busca de refinamento e diversidade na visão e dão subsidio para construção de equipamentos ópticos

 29/03/2023 - Publicado há 1 ano

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Os olhos, tal como vemos na natureza, poderiam ser considerados equipamentos perfeitos se fossem passar pelo crivo da engenharia moderna? A resposta para essa pergunta, segundo Eduardo Rocha, é positiva: os olhos poderiam sim ser considerados, à  luz da engenharia moderna, equipamentos quase perfeitos, pois têm alto desempenho óptico, uma grande longevidade e uma boa capacidade de renovação e de reparação em caso de traumas, danos ou infecções. Tudo como seria desejado para um equipamento de alto desempenho projetado pela mente humana.

“Os olhos das diferentes espécies têm características muito diferentes, que provavelmente foram exigidas através da adaptabilidade a ambientes e desempenho tão diversos como existem nesse mundo”, ressalta o colunista. Ele cita um estudo internacional que  mostrou que crustáceos vivendo no Mar Vermelho precisam do máximo de invisibilidade para evitar que se tornem “jantar ou almoço dos seus predadores naturais”. Para evitar isso, a vantagem adaptativa que eles adquiriram foi a de ter o corpo quase transparente. Mas, para uma visão eficiente, os olhos precisam de pigmentos para detectar a luz e as imagens.

“Assim, para não ficarem vulneráveis ao terem seus olhos detectados pelos seus predadores, se observou nesse estudo que esses animais marinhos têm, sobre essa camada pigmentar, uma outra camada com proteínas que formam nanoestruturas, que atuam como lentes refletoras e, dessa forma, elas produzem algum tipo de brilho que assegura a persistência da camuflagem mesmo em ambientes bem iluminados e, dessa forma, acabam passando desapercebidos por muitos desses predadores”.

Segundo Rocha, essa informação reforça não só que a adaptação aos diferentes ambientes foi uma das características que pressionaram a evolução das espécies, mas também, ao revelar essa engenhosidade da natureza, abre caminho para que aplicações práticas no desenho de equipamentos feitos por engenheiros possam se utilizar dessas tecnologias ensinadas pela natureza para produzir continuamente equipamentos ópticos cada vez mais eficientes.


Fique de Olho
A coluna Fique de Olho, com o professor Eduardo Rocha, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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