ChatGPT representa uma conexão entre humano e máquina

Para evoluir é preciso utilizá-lo de forma ética e avaliar os pesos e contrapesos, coloca o professor Marcelo Zuffo

 14/03/2023 - Publicado há 1 ano
O ser humano possui características na comunicação que o diferenciam dos demais e, no momento, o ChatGPT é o mais sofisticado das ferramentas de linguagem natural existentes – Foto: Julio Bazanini/USP Imagens

 

ChatGPT. Esse tipo de chatbot tem chamado a atenção de diversos especialistas e gera questionamentos: quais os seus impactos na área tecnológica e acadêmica? A diferença dessa ferramenta de inteligência artificial em específico se dá pela sua capacidade de formular respostas mais completas e coesas, além de criar textos, poemas e até relatórios.

“Quarenta anos atrás foi inventado um software chamado Eliza. Era um programa de computador que a gente podia fazer perguntas e ele respondia para nós. Na época, era um software bastante impressionante, capaz de nos entregar respostas críveis. O programa estava nos entregando respostas inteligentes“, diz o professor Marcelo Zuffo, titular do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP.

O professor coloca que, se há 40 anos, o primeiro chatbot já possuía habilidades bem impressionantes, a tendência é melhorar essa tecnologia: “O ChatGPT é um degrau que a humanidade subiu”. Zuffo explica que essa identificação de inteligência em máquinas vem de Alan Turing que, em 1950, apresentou o Teste de Turing. Ele consiste no questionamento do quão semelhantes as máquinas são dos humanos na questão da linguagem e, assim, seria possível dizer se a máquina é inteligente ou não.

Linguagem natural

“É a área de pesquisa de linguagem natural, ou seja, a máquina e o ser humano entabularem conversações naturais como essa conversa que nós estamos tendo”, comenta o professor. No Centro Interdisciplinar de Tecnologias Interativas da USP, o estudo sobre essa área é fundamental, mas vai além: “Essa possibilidade de interação de humanos e máquinas é um fator determinante na evolução humana“, complementa o especialista. 

Marcelo Zuffo – Marcos Santos/USP Imagens

O ser humano possui características na comunicação que o diferenciam dos demais e, no momento, o ChatGPT, segundo Zuffo, é o mais sofisticado das ferramentas de linguagem natural existentes. Em fatos de natureza mais assertiva, o professor diz que ele acerta com maior constância, mas algumas vezes ele tende a enrolar quando é algo mais subjetivo. Entretanto, um ponto ressaltado foi a linguagem de programação da ferramenta: “Em linguagem de programação, ele supera a habilidade de diversos seres humanos. Assim, ele se transforma numa ferramenta útil em vários domínios de aplicação do conhecimento humano”.

Evolução

“Eu tenho uma visão muito otimista da tecnologia, porque ela foi, até o momento, fator de evolução da humanidade”, pontua o professor. Ele ainda acrescenta: “Esse medo da tecnologia é um aspecto relevante de pesos e contrapesos, para que se pese o uso dessa tecnologia”. Zuffo utiliza o dilema do martelo para exemplificar: o ser humano cria o martelo, que é uma ferramenta, e escolhe para que irá utilizá-lo, sendo bom ou ruim. Por isso, é preciso direcionar esses mecanismos para um uso ético.

Os computadores podem ser considerados elementos de conexão entre os seres humanos, mas “o truque não é a máquina em si, e sim a relação intrínseca entre a máquina e o humano”, comenta o especialista. Ele ainda adiciona: “O ChatGPT nada mais é do que um artefato criado pelo humano, assim como foi, há milhares de anos, a pedra lascada. Se a humanidade não tivesse passado pela pedra lascada, nós não estaríamos nesse estágio de desenvolvimento humano e civilizatório”.

Todas essas discussões levantadas podem estar fazendo parte do aprendizado de máquina, utilizadas pelo ChatGPT: “Faz até com que ele seja mais inteligente. Eu acredito que a relação do ser humano com esses artefatos é um fator determinante de evolução e vai evoluir mais ainda”, pontua Zuffo.


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