Em seu quarto ano consecutivo, o Clube de Leitura Literatura e Diversidade organiza mais um semestre de atividades na Faculdade de Educação (FE) da USP, com encontros virtuais para a leitura de obras na temática LGBTQIA+, além de questões de raça e classe. A atividade é voltada para a formação de professores, mas pode ser acompanhada por todas as pessoas interessadas. Para participar, é necessário se inscrever pelo link.
O objetivo do clube é contribuir para a formação de professores, em atuação ou não, para questões de identidade de gênero e orientação sexual, com abordagens sobre raça e classe. “Ao mesmo tempo que se proporciona uma formação estética de literatura, também há uma compreensão sobre as relações de gênero na sociedade, pois a gente acredita que o conhecimento pela linguagem artística possibilita uma sensibilização para essas questões”, afirma Iracema Nascimento, professora da FE e organizadora do clube.
Neste semestre, os encontros ocorrem sempre na última quarta-feira do mês, das 17h30 às 19 horas, a partir do dia 29 de março. A principal diferença em relação às edições anteriores é a possibilidade de se inscrever e participar durante todo o semestre de leitura. Para estudantes da FE, a participação será aceita como Estudos Independentes. As obras a serem lidas serão as seguintes:
- Sobre a Terra somos belos por um instante, Ocean Vuong; em 29/3
- Terra nos cabelos, Tônio Caetano; em 26/4
- Tybyra: uma tragédia indígena brasileira, Juão Nyn; em 31/5
- Um Exu em Nova York, Cidinha da Silva; em 28/6
Literatura inclusiva
O clube surgiu em 2020 como um projeto de extensão, mas logo se mostrou promissor em levar conhecimentos de diversidade e orientação sexual a educadores.
A ideia inicial para a criação do clube era receber alunos da FE, sobretudo estudantes de psicologia. Porém, com a chegada da pandemia da covid-19, somada ao distanciamento social, o cenário presencial foi transferido ao virtual. “Essa escolha (ou imposição) acabou se tornando em uma boa opção porque facilitou a participação de pessoas que não circulam normalmente na FE”, afirma Iracema.
De acordo com Iracema, a escolha das obras é feita a partir de três critérios: origem, pertencimento étnico-racial e de gênero e temática abordada. Quanto à localidade da qual o autor se origina, o clube prioriza a diversidade cultural, escolhendo escritores de diversos países. Já sobre a questão de pertencimento e temas sobre orientação sexual, a professora diz que se busca autores de cada letra da sigla LGBTQIA+. Além disso, o clube opta pela escolha de editoras independentes.
Pesquisa e diversidade
No ano seguinte à criação do clube, a atividade literária ocasionou o desenvolvimento de um projeto de pesquisa chamado Clube de Leitura Literária como estratégia de formação de professoras(es) para a promoção da diversidade de gênero na educação básica, da professora Iracema. “Conforme os encontros virtuais e literários iam acontecendo, eu fui percebendo seu potencial de pesquisa”, explica ela. Assim, os participantes do clube contribuem também com o avanço desse estudo.
Em entrevista ao Jornal da USP, Iracema contou que os primeiros levantamentos da pesquisa vêm mostrando a baixa produção acadêmica e científica sobre clubes temáticos como o da FE, com poucas teses mostrando sua existência em escolas de ensino básico. “Então, essa iniciativa vem sendo inovadora”, observa Iracema. “Nós temos o objetivo de consolidar um material de uso do clube de leitura como metodologia de formação educacional de professores”, complementa.
Mais informações: clubedeleiturafeusp@usp.br / @clubeliteraturaediversidade