De fato, dom Paulo praticou com coragem e grande força espiritual e moral essas bases cristãs e num dos períodos mais duros da nossa história.
O Brasil conheceu o sistema totalitário brutal, que atingiu milhares de vítimas – de mortos e de torturados – durante o período de ditadura militar.
A Universidade de São Paulo pode se orgulhar de ter compreendido a grandeza da personalidade do cardeal. Em 2007, o Prêmio USP de Direitos Humanos, que sua Comissão de Direitos Humanos criou e mantinha então, foi concedido a dom Paulo Evaristo Arns.
Perante essa situação, que constrangia ao silêncio o nosso povo e os nossos intelectuais, dom Paulo Evaristo não se calou, não ficou inerte, não negligenciou a mensagem bíblica e da misericórdia. Logo no início de sua gestão vendeu, por milhões de dólares, o majestoso Palácio Episcopal, instalado no centro da cidade, repleto de jardins magníficos e de vasto terreno. Com essa enorme soma comprou terrenos nas mais pobres periferias, onde instalou salas de utilidade múltipla, desde escolas, centros de saúde, de lazer, de reuniões e quanto mais, dando aos seus moradores o meio de que não possuíam, e nessas instalações criou as Comunidades Eclesiais de Base.
Foi o grande defensor e promotor dos direitos humanos no País. Nesse setor a Universidade de São Paulo pode se orgulhar de ter compreendido a grandeza da personalidade do cardeal. Em 2007, o Premio USP de Direitos Humanos, que sua Comissão de Direitos Humanos criou e mantinha então, foi concedido a dom Paulo Evaristo Arns. Se ele não pôde vir pessoalmente recebê-lo das mãos do reitor e nossas, por razões de saúde, teve sua irmã, a dra. Zilda Arns – que foi a primeira agraciada com o mesmo Prêmio USP, em 2000– para representá-lo.
Esse franciscano humilde foi decisivo para acabar com o ditadura militar do Brasil. Com a queda da ditadura, dom Paulo não parou: organizou e escreveu o livro que perdura: Brasil Nunca Mais, com documentos que tirou dos próprios arquivos militares, foi o criador do Movimento Nacional de Direitos Humanos e fundador da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo.
Dom Paulo Evaristo Arns foi e sempre será a figura mais importante do século 20 brasileiro.