Margareth Artur, da Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais da USP
Estresse, medos e pânicos, cansaço e depressão são sintomas que descrevem a síndrome de burnout, conceito criado na década de 1970, nos Estados Unidos. O excesso de trabalho, responsável determinante pela doença afeta, principalmente, quem trabalha sob pressão. Na revista Fisioterapia e Pesquisa, um artigo discute a incidência e os efeitos da doença que acomete, entre outros profissionais, os fisioterapeutas que atuam em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Os autores desenvolveram o estudo em cinco hospitais públicos da cidade do Recife, com trabalhadores atuantes em UTIs adultas e pediátricas, constatando que a síndrome leva à negligência do período de lazer e descanso recomendados para o equilíbrio da saúde, gerando depressão e outros problemas emocionais graves. Além disso, o distúrbio causa dificuldades nos relacionamentos familiares e sociais.
Segundo o Ministério da Saúde, a síndrome de burnout “é um distúrbio emocional […] resultante de situações de trabalho desgastante que demandam muita competitividade ou responsabilidade”. De acordo com o artigo, o estresse deve-se “à alta morbidade dos pacientes”, aos poucos recursos financeiros e à corrida contra o tempo dos profissionais das instituições hospitalares, gerada pelo acúmulo de trabalho, dentre outras causas.
Os autores do artigo apontam para a necessidade do desenvolvimento de medidas preventivas e modelos de intervenção para que tal efeito seja minimizado, visto o excesso de trabalho, o clima de tensão emocional em que os profissionais são submetidos diante da gravidade de saúde de quem pode ou não sobreviver, o sofrimento dos pacientes e que repercute nos trabalhadores “O convívio com o sofrimento e a morte é capaz de gerar sentimento de impotência nestes profissionais”, destacam.
A pesquisa relata que os profissionais intensivistas também apontam como fatores estressantes os entraves administrativos, o número excessivo de pacientes, a quantidade insuficiente de fisioterapeutas, a baixa remuneração e o despreparo para lidar com a dor, sofrimento e morte do próximo.
Além disso, o estudo também constatou falta de preparo profissional, interpessoal e psicossocial dos fisioterapeutas que trabalham em UTIs.
De acordo com o artigo, a síndrome de burnout é gatilho para sequelas extremamente negativas em virtude da depressão e outros problemas emocionais graves dos profissionais envolvidos. A ausência de períodos de lazer e descanso causa dificuldades nos relacionamentos familiares e sociais.
Os autores apontam as limitações de pesquisas publicadas sobre a síndrome, em especial a carência de estudos que possam estabelecer comparações sociais e populacionais entre os estados brasileiros para realizar “maiores associações entre variáveis sociodemográficas e a síndrome”. Nesse ponto, considera-se crucial a descrição dos fatores estressantes aos quais os fisioterapeutas intensivistas se submetem, para dar início a uma reflexão sobre como políticas públicas ou intervenções precisam funcionar. O objetivo é “garantir a qualidade do atendimento ao paciente”, sempre levando-se em conta as características socias da população em geral, universo que abrange os fisioterapeutas de UTI.
Artigo SILVA, R. A. D. da; ARAÚJO, B.; MORAIS, C. C. A.; CAMPOS, S. L.; ANDRADE, A. D. de; BRANDÃO, D. C. Síndrome de Burnout: realidade dos fisioterapeutas intensivistas? Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 388-394, 2022. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/fpusp/article/view/152858. Acesso em: 16 out. 2022. Contatos |
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