Bancos de pele necessitam de doadores para tratar vítimas de queimaduras

Segundo André Paggiaro, em 2021, com a redução das doações causada principalmente pela pandemia, os estoques de pele chegaram a zerar

 21/02/2022 - Publicado há 2 anos
Instalações do Banco de Tecidos do Hospital das Clínicas de São Paulo – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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Doação de tecidos é prejudicada pela pandemia de covid-19 e pela falta de informação. A doação de órgãos está em baixa e a doação de pele, que costuma ser menor, está especialmente escassa. André Paggiaro, diretor do Banco de Tecidos do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, conversou com o Jornal da USP no Ar 1ª Edição sobre a situação.

“A doação de pele sempre foi, dentre as doações de órgãos e tecidos, algo que sofreu com a falta de informação”, conta ele. “As pessoas têm medo de doar a pele. Sempre é uma questão que as pessoas têm um certo estigma, acham que vai deixar o doador deformado — e nada disso realmente acontece.”

Situação dos bancos de tecidos

Dr. André Paggiaro – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Paggiaro conta que, entre o final de 2019 e o começo de 2020, os bancos de tecidos tinham um bom estoque de pele, o que ajudou a suportar o ano de 2020. Em 2021, no entanto, com a redução das doações, causada principalmente pela pandemia, os estoques de pele chegaram a zerar. No começo de 2022 houve uma melhora sutil, mas muito menor do que a necessária.

Doações durante a pandemia

O médico conta que, no começo da pandemia, não se sabia ao certo como seria possível checar se os tecidos coletados estavam contaminados ou não. Com o tempo, os médicos verificaram que pacientes contaminados não podem doar tecidos, mas pacientes recuperados, com PCR negativo, podem.

Importância dos bancos

Segundo Paggiaro, a função primordial dos bancos de pele é ajudar no tratamento de pacientes com queimaduras, apesar de poder servir para outros tratamentos. O tratamento de pacientes queimados acontece através da enxertia — a pele é retirada de uma região do corpo e transferida para a região danificada, cobrindo a ferida.

Em pacientes com áreas muito extensas queimadas, faltam áreas doadoras (regiões do corpo de onde a pele pode ser removida) e é necessário utilizar a pele de cadáver, que é transplantada para a ferida, ganhando tempo para que áreas doadoras se recuperem e possam ser utilizadas novamente.

Quem pode doar

Os doadores de pele devem ser maiores de 16 anos e ter menos que 60 ou 65 anos, dependendo do banco de tecidos. Pessoas que tiveram infecções graves, com histórico de câncer, com HIV, sífilis e outras doenças, não doam.


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