Um novo projeto de lei, que trata do uso de pesticidas para combater pragas urbanas, está em discussão no Senado. O texto propõe que o Ministério da Agricultura tenha o papel central nessa questão, assumindo uma atribuição que antes dividia com o Ministério da Saúde e com o Ministério do Meio Ambiente. O professor Paulo Saldiva define as novas regras como um retrocesso. “Embora o uso de pesticidas na agricultura seja uma coisa necessária para se manter a produção de alimentos, essas moléculas (dos agrotóxicos) estão longe de ser perfume, por isso que elas têm que ser cuidadosamente liberadas, e tanto do ponto de vista de proteção do trabalhador como da população das áreas vizinhas onde se aplicam essas moléculas, que podem chegar tanto na água de abastecimento público quanto chegar, através da fumigação por via inalatória, às populações do entorno.”
Saldiva observa ainda que as áreas sujeitas à aplicação de pesticidas apresentam maior incidência de doenças como má formação congênita, câncer e algumas doenças de pele. “Portanto, não me parece bom que você tire do Meio Ambiente e da Saúde um papel igualitário no processo de decisão. Será que nós vamos ver mais um retrocesso na área ambiental do Brasil?”, indaga o colunista, que espera que o Senado cumpra o seu papel e redefina o novo texto, permitindo o uso dessas moléculas, mas de modo seguro. E conclui: “O Brasil está cheio de retrocessos, não é o momento para mais um”.
Saúde e Meio Ambiente
A coluna Saúde e Meio Ambiente, com o professor Paulo Saldiva, vai ao ar toda segunda-feira às 8h, quinzenalmente, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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